Ibovespa fecha em alta e tem novo recorde, após falas do Galípolo e de olho nos EUA; dólar cai a R$ 5,65

A bolsa subiu 0,32% e encerrou aos 139.636 pontos, renovando a maior pontuação da história. A moeda norte-americana caiu 0,25%, cotada a R$ 5,6546. Ibovespa Pexels O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, fechou em...

19/05/2025 | Economia

 

A bolsa subiu 0,32% e encerrou aos 139.636 pontos, renovando a maior pontuação da história. A moeda norte-americana caiu 0,25%, cotada a R$ 5,6546. Ibovespa
Pexels
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, fechou em alta nesta segunda-feira (19), aos 139.636 pontos, em um novo recorde histórico. Durante a sessão, o índice chegou a ultrapassar os 140 mil pontos pela primeira vez na história.
O dólar, por sua vez, fechou em queda, a R$ 5,65. Na sessão, duas importantes notícias ficaram no radar dos investidores.
O mercado avaliou o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Moody’s, ocorrido no fim da semana passada.
E também a participação do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, em um evento do Goldman Sachs, em que ele reforçou que os juros serão mantidos em patamar alto por mais tempo.
▶️ Sobre os EUA: a nota da maior economia do mundo desceu em um degrau, de "AAA" para "AA1" e teve a perspectiva alterada de "negativa" para "estável".
A Moody's disse que o aumento da dívida americana reforçou a preocupação dos investidores sobre a trajetória das contas públicas do país. A notícia fez o dólar cair em relação aos seus principais rivais, após quatro semanas consecutivas de ganhos. (Saiba mais abaixo)
▶️ Sobre o Brasil: a fala de Galípolo aumentou a impressão de que a última elevação da Selic, para 14,75% ao ano no início de maio, foi a última deste ano, indicando que cortes devem acontecer somente a partir de 2026.
"Com as expectativas [de inflação] desancoradas [acima da meta central] e com o cenário que a gente tem assistido, e até com o histórico mais recente, faz sentido a gente permanecer com essas taxas de juros em um patamar mais restritivo por um tempo mais prolongado do que usualmente costuma se praticar", disse Galípolo.
O BC tem dito claramente que uma desaceleração da economia faz parte da estratégia de conter a inflação no país, e que isso é um "elemento necessário para a convergência da inflação à meta [de inflação, de 3%]".
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
O dólar fechou em queda de 0,25%, cotado a R$ 5,6546. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 0,25% na semana;
queda de 0,39% no mês; e
perda de 8,50% no ano.
Na sexta-feira, a moeda americana fechou em queda de 0,19%, cotada a R$ 5,6685.

a
📈Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta de 0,32%, aos 139.636 pontos, em um novo recorde do índice. Na máxima do dia, chegou a 140.203 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 0,32% na semana;
avanço de 3,38% no mês; e
ganho de 16,09% no ano.
Na sexta-feira, o índice fechou em baixa de 0,11%, aos 139.187 pontos.


O que está mexendo com os mercados?
Como justificativa para o rebaixamento da nota dos EUA, a agência Moody's citou o aumento da dívida do país e os juros a níveis "significativamente mais altos do que os de [países] soberanos com classificação semelhante".
"As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros", disse a Moody's em um comunicado.
"Isso acontece em um momento delicado para o governo, que tenta aprovar um orçamento no Congresso até o início de julho. Isso levanta novas questões legítimas sobre o déficit, o status de refúgio dos títulos do Tesouro e o dólar", disse Kenneth Broux, chefe de pesquisa corporativa de câmbio e taxas do Société Générale.
"Hoje é um lembrete da fragilidade do dólar", completou.
A inquietação com a dívida de US$ 36 trilhões dos EUA também aumentou à medida que os republicanos buscam aprovar um amplo pacote de cortes de impostos, que alguns estimam que poderia adicionar de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões em novas dívidas na próxima década.
O projeto de lei do presidente dos EUA, Donald Trump, estava paralisado há dias devido a disputas internas dos republicanos sobre cortes de gastos, mas obteve aprovação de um importante comitê do Congresso no domingo (18).
Em um comunicado, o assistente especial de Trump, Harrison Fields, disse que os especialistas estão errados em se preocupar com o projeto de lei, "assim como estavam sobre o impacto das tarifas de Trump, que geraram trilhões em investimentos, crescimento recorde de empregos e nenhuma inflação".
Acordos sobre tarifas
Os investidores também continuaram à espera de possíveis novos acordos dos EUA com seus parceiros comerciais, para diminuir os impactos do tarifaço de Trump.
🔎 A lógica do mercado é que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Nesta segunda-feira, a China pediu aos EUA que tomem medidas políticas responsáveis ​​para manter a estabilidade do sistema financeiro e econômico internacional e proteger os interesses dos investidores.
Isso ocorre depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse em entrevistas no domingo que Trump imporá tarifas na mesma taxa que ameaçou no mês passado aos parceiros comerciais que não negociarem de "boa fé".
No entanto, uma reportagem do "Financial Times" de que o país iniciou negociações comerciais sérias com a União Europeia, quebrando um longo impasse, ofereceu alguma esperança de novos acordos sobre as tarifas.
No início deste mês, Washington assinou um acordo com o Reino Unido. Trump também já disse anteriormente que tem possíveis acordos com a Índia, com o Japão e com a Coreia do Sul no radar.
E no Brasil?
Por aqui, o foco foi Gabriel Galípolo. Entre os indicadores, fica no radar a expansão de 1,3% do IBC-Br no primeiro trimestre de 2025, demonstrando uma aceleração da economia brasileira, puxada principalmente pela expansão da agropecuária. O avanço de 0,8% em março veio acima das expectativas do mercado, que projetava uma alta de 0,5% para o indicador.
O BC tem dito que busca uma desaceleração (ritmo menor de crescimento) para a economia como forma de tentar conter as pressões inflacionárias, e atingir as metas de inflação. Por isso, tem aumentado consecutivamente a taxa básica de juros.
🔎 A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Apesar do resultado positivo da prévia do PIB divulgada nesta segunda-feira, o mercado financeiro e o Banco Central ainda projetam um ritmo mais lento para a economia neste ano. O mercado estima um crescimento de 2,02% em 2025, contra 3,4% no ano passado.
No relatório "Focus", os analistas reduziram a expectativa de inflação de 2025 pela quinta semana consecutiva, de 5,51% para 5,50%. Além disso, mantiveram a projeção para a Selic a 14,75% ao ano.
Galípolo, avaliou, no fim de maio, que há sinais de desaceleração da economia, mas que eles ainda são muito iniciais e que é necessário manter vigilância sobre o comportamento dos preços.
*Com informações da agência de notícias Reuters.