Dólar cai e fecha a R$ 5,58, após conversa de Trump e Xi Jinping; Ibovespa também recua

Moeda americana caiu 1,05%, cotada em R$ 5,5855, no menor patamar desde outubro. A bolsa de valores encerrou com um recuo de 0,56%, aos 136.236 pontos. Cédulas de dólar bearfotos/Freepik O dólar fechou em queda de 1,05% nesta quinta-feira (5), ...

05/06/2025 | Economia

 

Moeda americana caiu 1,05%, cotada em R$ 5,5855, no menor patamar desde outubro. A bolsa de valores encerrou com um recuo de 0,56%, aos 136.236 pontos. Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
O dólar fechou em queda de 1,05% nesta quinta-feira (5), cotado a R$ 5,5855, no menor patamar desde outubro. O Ibovespa encerrou com um recuo de 0,56%, aos 136.236 pontos.
▶️ A conversa entre os presidentes dos Estados Unidos e China animou os investidores. Donald Trump e Xi Jinping conversaram por 1h30 sobre o tarifaço e resolveram as "complexidades" do acordo comercial firmado, o que Trump chamou de "uma conclusão muito positiva para ambos os países". (saiba mais abaixo)
▶️ Durante a tarde, Trump também protagonizou um barraco com o bilionário Elon Musk, seu antigo aliado. O republicano e o fundador da Tesla trocaram farpas, com direito a revelação de segredos e quebra de contratos. As ações da Tesla despencaram mais de 14% e Musk perdeu mais de US$ 26 bilhões de sua fortuna. (entenda a briga abaixo)
▶️Investidores também esperam notícias de novos acordos comerciais entre EUA e seus parceiros. Nesta quinta, Trump indicou que deve fazer um grande acordo comercial com a Alemanha, enquanto o ministro das relações internacionais da Itália afirmou estar confiante que um acordo com a União Europeia deve sair. (saiba mais abaixo)
▶️ No Brasil, a falta de ações concretas para equilibrar as contas públicas seguem a preocupar os mercados financeiros. O governo federal tem enfrentado forte pressão para derrubar o aumento do IOF e anunciar medidas que substituam a perda de arrecadação. Mas o pacote fiscal só deve ser apresentado ao público na próxima semana.
▶️ Além disso, o mercado repercute o corte de juros na zona do euro. O Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa para 2% ao ano, diante da inflação controlada, mas manteve todas as opções sobre a mesa para suas próximas reuniões. (veja mais abaixo)
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -2,32%;
Acumulado do mês: -2,32%;
Acumulado do ano: -9,62%.
📈Ibovespa


Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado do mês: -0,58%;
Acumulado do ano: +13,26%.
Trump x Xi Jinping
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, conversaram por telefone nesta quinta-feira (5), para tratar sobre o acordo comercial temporário recentemente firmado pelas duas potências, em 12 de maio.
"A conversa durou aproximadamente uma hora e meia e resultou em uma conclusão muito positiva para ambos os países. Não deve haver mais dúvidas quanto à complexidade dos produtos de Terras Raras", afirmou Trump em publicação no Truth Social, sem dar mais detalhes sobre a conversa com o líder chinês.
Mais tarde, em entrevista a jornalistas, Trump disse que as conversas entre os dois países continuam em andamento e estão em "boa forma", reiterando que representantes das duas potências devem se reunir em breve, em local a ser definido, para discutir o tema.
A tão aguardada ligação acontece em meio a acusações entre Washington e Pequim nas últimas semanas sobre minerais essenciais em uma disputa que ameaça destruir uma trégua frágil na guerra comercial entre as duas maiores economias.
Os países fecharam um acordo de 90 dias em 12 de maio para reverter algumas das tarifas de retaliação que haviam imposto um ao outro desde a posse de Trump em janeiro.
Embora as ações tenham se recuperado, o acordo temporário não abordou preocupações mais amplas que prejudicam o relacionamento bilateral, desde o comércio ilícito de fentanil até o status de Taiwan, governado democraticamente, e as reclamações dos EUA sobre o modelo econômico chinês dominado pelo Estado e voltado para a exportação.
As negociações estão sendo acompanhadas de perto por investidores preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos e interromper as cadeias de suprimentos nos meses cruciais que antecedem a temporada de compras de fim de ano.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Além disso, no último capítulo da guerra de tarifas nesta semana, Trump assinou um decreto para dobrar as taxas sobre importações de aço, alumínio e derivados no país de 25% para 50%, o que afeta diretamente o Brasil.
A ação ocorre em um momento em que os EUA buscam negociações mais vantajosas com os países afetados pelo tarifaço imposto no início de abril.
Embora as taxas tenham sido parcialmente suspensas, elas serão retomadas integralmente em 8 de julho — e têm servido como ferramenta do presidente na tentativa de firmar acordos mais favoráveis com outras nações.
No começo desta semana, Trump indicou que vai pressionar os países para apresentarem propostas "melhores" nas negociações comerciais com os EUA.
Novos acordos à frente?
O presidente norte-americano também afirmou que espera fazer um "bom acordo comercial" com a Alemanha. O republicano se reuniu nesta quinta-feira com o chanceler alemão, Friedrich Merz.
"Nós teremos um grande acordo comercial. Acredito que isso será majoritariamente determinado pela União Europeia, mas vocês são uma parte muito importante disso", disse o republicano a Merz no Salão Oval.
"Espero que cheguemos a um acordo ou faremos algo, sabe, aplicaremos tarifas", completou.
Trump ainda disse que quer fazer com que os novos acordos comerciais feitos pelos EUA com seus parceiros incluam cláusulas que tratem sobre petróleo e gás.
Durante a tarde, o ministro de relações internacionais da Itália também afirmou estar confiante de que um acordo entre EUA e União Europeia deva sair até o prazo final de 9 de julho. "As negociações não estão indo mal", disse, sugerindo que seria possível chegar a um acordo com base em tarifas de 10% entre os dois lados.
Trump x Musk
Os atritos entre o presidente norte-americano e o bilionário Elon Musk também mexeram com os mercados financeiros nesta quinta-feira.
Após o presidente da Tesla criticar o pacote orçamentário da gestão Trump, o republicano afirmou que estava "muito decepcionado" com Musk, ameaçando cortar os contratos com o bilionário.
▶️ Entenda a sequência da briga a seguir:
Durante um encontro com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, Trump afirmou estar decepcionado com Elon Musk por causa das críticas que o bilionário fez ao projeto de lei orçamentária que tramita no Congresso.
Trump disse que Musk já sabia que o projeto seria enviado ao Congresso e que não sabe se eles terão "uma ótima relação como antes".
Pouco depois, Musk respondeu pela rede social X. Ele negou ter sido informado sobre o projeto e afirmou que Trump estava sendo ingrato: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”.
Em seguida, Trump reagiu no Truth Social com uma ameaça: “A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso Orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk”.
Trump também afirmou que “mandou Musk embora” do governo porque ele estava o “irritando”. Disse ainda que retirou o “Mandato dos Carros Elétricos” e que o bilionário “ficou louco”.
O “mandato” citado por Trump é uma referência às políticas de eletrificação do setor automotivo e descarbonização adotadas durante o governo Biden.
Musk voltou a responder no X, dessa vez acusando Trump de estar ligado ao escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein: “Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos”.
Dados econômicos dos EUA
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada aumentou pela segunda semana consecutiva, indicando uma piora nas condições do mercado de trabalho em meio às tarifas.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estadual aumentaram em 8 mil para 247 mil (ajuste sazonal) na semana encerrada em 31 de maio, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta. Economistas consultados pela Reuters previam 235 mil pedidos para a última semana.
As empresas geralmente estão acumulando funcionários após terem dificuldades para encontrar mão de obra durante e após a pandemia da Covid-19, mas a crescente incerteza devido às tarifas está forçando algumas a demitir trabalhadores.
Na quarta-feira, o relatório ADP mostrou que o setor privado abriu 37 mil vagas de trabalho em maio nos EUA, bem abaixo da projeção de 110 mil postos.
🔎 A preocupação dos investidores é que o atual cenário, somado a uma eventual alta da inflação e juros elevados, possa abalar a economia dos EUA.
Neste contexto, o presidente norte-americano voltou a dizer que o presidente do Fed, Jerome Powell, precisa reduzir as taxas de juros.
"Saiu o número da ADP. 'Tarde demais' Powell tem que agora baixar os juros. Ele é inacreditável. A Europa já baixou nove vezes", disse Trump em uma publicação no Truth Social.
A divulgação do Livro Bege, relatório descritivo sobre as condições da economia norte-americana, nesta quarta já indicou que todos os 12 distritos da instituição registraram um leve declínio da atividade e níveis elevados de incerteza econômica e política.
Impasse do IOF
No Brasil, a crise do governo após o anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), há duas semanas, também continua a mexer com os mercados.
A elevação do IOF foi proposta há duas semanas, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo era o de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o aumento de imposto, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta foi apresentada nesta terça-feira (3), mas só será divulgada ao público na semana que vem. Até lá, a alta do IOF continua.
No início da semana, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou sua posição crítica em relação ao aumento do IOF.
“Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido”, afirmou Galípolo, durante evento com analistas do mercado financeiro.
Corte de juros na Europa
O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros conforme o esperado nesta quinta-feira e manteve todas as opções sobre a mesa para suas próximas reuniões.
O BCE reduziu os custos de empréstimos oito vezes, ou 2 pontos percentuais, desde junho passado, buscando sustentar uma economia da zona do euro que já enfrentava dificuldades antes mesmo dos novos impactos das políticas comerciais dos EUA.
Com a inflação agora seguramente alinhada com sua meta de 2% e o corte bem sinalizado, o foco do BCE mudou, especialmente porque, em 2%, as taxas estão agora na faixa "neutra", onde não estimulam nem desaceleram o crescimento.
"O Conselho do BCE não está se comprometendo previamente com uma trajetória específica para as taxas de juros", afirmou o BCE. "As decisões sobre as taxas de juros serão baseadas em sua avaliação das perspectivas de inflação, considerando os dados econômicos e financeiros, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária."
Mais tarde, a presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que a instituição pode fazer uma pausa nos cortes de juros em julho, após a inflação ter finalmente retornado à meta de 3% na região. As falas animaram os mercados europeus, que fecharam em alta.
A projeção do mercado é que o BCE pause os cortes em julho e faça apenas mais uma redução das taxas até o final do ano, possivelmente em dezembro.
*Com informações da agência de notícias Reuters.