EUA ganharam 1 mil milionários por dia em 2024; Brasil tinha 433 mil com US$ 1 milhão

Relatório Global de Riqueza 2025, divulgado pelo banco suíço UBS, analisou 56 países, que juntos representam mais de 92% da riqueza mundial. Mais de mil pessoas ficaram milionárias por dia nos EUA em 2024 Cerca de 379 mil novos milionários (em ...

18/06/2025 | Economia

 

Relatório Global de Riqueza 2025, divulgado pelo banco suíço UBS, analisou 56 países, que juntos representam mais de 92% da riqueza mundial. Mais de mil pessoas ficaram milionárias por dia nos EUA em 2024
Cerca de 379 mil novos milionários (em dólares) surgiram nos Estados Unidos em 2024 — ou seja, mais de 1 mil por dia — segundo o Relatório Global de Riqueza 2025, divulgado nesta quarta-feira (18) pelo banco suíço UBS.
Em todo o mundo, 684 mil pessoas passaram a integrar o grupo de milionários em 2024, o que representa um crescimento de 1,2% em relação ao ano anterior.
O estudo analisou 56 países que, juntos, representam mais de 92% da riqueza global. Ao final de 2024, os EUA somavam cerca de 23,8 milhões de milionários — o maior contingente do mundo, superando com folga os números da Europa Ocidental e da Grande China somados.
Na América Latina, o Brasil lidera o ranking, com aproximadamente 433 mil milionários em dólares, seguido pelo México, com 399 mil. Entre todos os países analisados, o Brasil ocupa a 19ª posição.
💵 Atualmente, US$ 1 milhão equivale a cerca de R$ 5,48 milhões, considerando a cotação do dólar a R$ 5,48.
A riqueza global também voltou a crescer, dando continuidade à recuperação iniciada em 2023, após a queda registrada em 2022. Em 2024, a alta foi de 4,6%, levemente acima do crescimento de 4,2% observado no ano anterior.
O avanço, no entanto, foi desigual entre as regiões analisadas. As Américas — especialmente a América do Norte — concentraram a maior parte do crescimento, com uma expansão superior a 11%, impulsionada pela estabilidade do dólar e pelo bom desempenho dos mercados financeiros.
Além disso, ter um grande número de milionários não significa, necessariamente, que a população de um país seja rica. No caso do Brasil, a desigualdade de riqueza é um dos pontos que mais chama atenção no relatório. (leia mais abaixo)
💡 Para o levantamento, os autores consideraram como “riqueza” o valor de todos os bens financeiros (como dinheiro e investimentos) e bens reais (como imóveis e veículos), descontadas as dívidas. Isso significa que a casa própria, por exemplo, é incluída no cálculo.
Veja abaixo o ranking dos 25 países com mais milionários no mundo.
Estados Unidos: 23,831 milhões
China continental: 6,327 milhões
França: 2,897 milhões
Japão: 2,732 milhões
Alemanha: 2,675 milhões
Reino Unido: 2,624 milhões
Canadá: 2,098 milhões
Austrália: 1,904 milhões
Itália: 1,344 milhões
Coreia do Sul: 1,301 milhões
Países Baixos: 1,267 milhões
Espanha: 1,202 milhões
Suíça: 1,119 milhões
Índia: 917 mil
Taiwan: 759 mil
Hong Kong (RAE): 647 mil
Bélgica: 549 mil
Suécia: 490 mil
Brasil: 433 mil
Rússia: 426 mil
México: 399 mil
Dinamarca: 376 mil
Noruega: 348 mil
Arábia Saudita: 339 mil
Singapura: 331 mil
Brasil lidera em milionários, mas tem alta desigualdade
Apesar de concentrar o maior número de milionários em dólares da América Latina, o Brasil está longe das primeiras posições quando o critério é a riqueza média por adulto — que considera o patrimônio total do país dividido pelo número de adultos.
No Brasil, esse valor é de aproximadamente US$ 31 mil (cerca de R$ 170 mil), abaixo da média da própria América Latina (US$ 34,7 mil) e muito distante dos países mais ricos, como Suíça (US$ 687 mil) e Estados Unidos (US$ 620 mil).
O relatório também destaca que “os valores médios não dizem nada sobre como a riqueza está distribuída”. Uma grande concentração de milionários, como ocorre no Brasil, pode elevar artificialmente a média.
Por isso, os autores recomendam observar a riqueza mediana, o ponto exato da lista em que metade da população adulta possui mais riqueza e a outra metade, menos. Nesse critério, a riqueza no Brasil cai para cerca de US$ 6.482 por adulto.
O Brasil também aparece no relatório com o maior índice de desigualdade de riqueza entre todos os países pesquisados.
O Índice de Gini, utilizado para medir desigualdade, foi de 0,82 no Brasil em 2024, segundo o estudo, empatando com a Rússia. A Eslováquia, país com menor desigualdade no ranking, registrou um coeficiente de 0,38, segundo o levantamento.
🔎 Esse índice é diferente do divulgado pelo IBGE no mês passado. Segundo o instituto, o Gini do rendimento domiciliar per capita caiu para 0,506 em 2024 — o menor da série histórica. No entanto, o relatório do UBS considera não apenas a renda, mas todo o patrimônio de uma pessoa.
O Brasil no relatório da riqueza
Arte/g1
Brasil é o 2º país com maior volume previsto de heranças
Nos próximos 20 a 25 anos, o mundo deve assistir a uma transferência de riqueza estimada em mais de US$ 83 trilhões, segundo o Global Wealth Report 2025.
A maior parte desse montante — cerca de US$ 74 trilhões — será transferida de forma “vertical”, ou seja, entre gerações (como de pais para filhos). Os US$ 9 trilhões restantes referem-se a transferências “horizontais”, geralmente entre cônjuges.
Embora os Estados Unidos liderem com folga esse movimento global, com mais de US$ 29 trilhões previstos em transferências, o Brasil aparece na segunda posição do ranking mundial, com projeção de quase US$ 9 trilhões nas próximas décadas.
Segundo o relatório, o principal fator para essa estimativa elevada no Brasil é o tamanho da população com mais de 75 anos, que é quase o dobro da registrada no México, por exemplo. Isso indica um volume expressivo de patrimônio acumulado que deverá ser transferido às próximas gerações.
Notas de dólar
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