Dólar sobe e fecha em R$ 5,47, após cartas de Trump para impor novas tarifas; Ibovespa cai

A moeda americana subiu 0,99%, cotada a R$ 5,4777. Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,26%, aos 139.490 pontos. Dólar Karolina Kaboompics/Pexels O dólar fechou em alta de 0,99% nesta segunda-feira (7), cotado a R$ 5,4777. Na máxima, chegou a R...

07/07/2025 | Economia

 

A moeda americana subiu 0,99%, cotada a R$ 5,4777. Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,26%, aos 139.490 pontos. Dólar
Karolina Kaboompics/Pexels
O dólar fechou em alta de 0,99% nesta segunda-feira (7), cotado a R$ 5,4777. Na máxima, chegou a R$ 5,4840. O Ibovespa, principal índice de ações da B3, encerrou em queda de 1,26%, aos 139.490 pontos.
▶️ Os investidores passaram o dia reagindo aos novos capítulos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na noite de domingo, Trump disse que os EUA vão impor uma taxa adicional de 10% a "qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics".
🔎 Ainda não há informações sobre quais países serão taxados. Trump também não esclareceu nem detalhou o que são as tais "políticas antiamericanas".
🔎 O Brics divulgou neste domingo a “Declaração do Rio de Janeiro”, em que faz a defesa do fortalecimento de instituições multilaterais, como a ONU, e o respeito ao direito internacional e rejeição a ações unilaterais, como as que enfraquecem o sistema global. Os EUA não foram citados nominalmente.
▶️ O presidente dos EUA também anunciou novas tarifas de 25% a 40% para parceiros comerciais. A decisão foi anunciada por meio de cartas enviadas aos líderes das nações, em que os EUA reforçam a disposição a negociar, mas apontam o déficit comercial com os países.
Trump afirmou que os EUA enviarão cartas a mais países nesta semana, com a lista de tarifas cobradas, que entrarão em vigor até 1º de agosto, caso não firmem acordos.
A possível volta das tarifas preocupa o mercado. A avaliação é que elas podem elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, o que tende a aumentar a inflação e forçar o Fed (o banco central dos EUA) a manter os juros do país altos por mais tempo.
▶️ No Brasil, o mercado aguarda os desdobramentos da questão do IOF. Na sexta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, suspendeu os efeitos de todos os decretos que tratam sobre o tributo, determinando uma audiência de conciliação entre o governo e o Congresso Nacional sobre o tema.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: +0,99%;
Acumulado do mês: +0,81%;
Acumulado do ano: -11,36%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -1,26%;
Acumulado do mês: +0,46%;
Acumulado do ano: +15,97%.
O novo capítulo do tarifaço
Trump enviou nesta segunda uma série de cartas para diferentes parceiros comerciais. O republicano estabeleceu alíquotas mínimas sobre produtos importados que vão de 25% a 40% e têm vigência a partir de 1º de agosto.
Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, pelo menos 14 países devem receber cartas sobre comércio.
As cartas enviadas aos países seguem um padrão semelhante: Trump afirma que o gesto representa uma demonstração da “força e do compromisso” dos EUA com seus parceiros e destaca o interesse em manter as negociações, apesar do déficit comercial significativo.
No domingo (6), Trump antecipou a medida e também afirmou que aplicará uma tarifa adicional de 10% a países que, segundo ele, “se alinharem às políticas antiamericanas do Brics”.
Trump não esclareceu o que considera “políticas antiamericanas” em sua publicação. Autoridades do governo americano dizem que não há um decreto sendo escrito e tudo depende dos próximos passos do bloco.
A declaração foi feita após o Brics divulgar a “Declaração do Rio de Janeiro”, que defende o multilateralismo e rejeita ações unilaterais, sem mencionar diretamente os EUA.
O documento também reforça o papel de instituições como a ONU e pede respeito ao direito internacional, posições que contrastam com a política comercial mais agressiva adotada por Washington.
A ameaça gerou reações imediatas. A China criticou o uso de tarifas como instrumento de coerção, enquanto a Rússia destacou que o Brics “nunca atuou contra terceiros”. A África do Sul, por sua vez, afirmou que o bloco busca apenas reformar a ordem multilateral global, sem intenções de confronto.
A sinalização de Trump aumenta o risco de retaliações cruzadas e gera preocupações nos mercados sobre um possível novo ciclo de tensões comerciais globais, com impactos potenciais sobre a inflação e o crescimento econômico.
Tarifaço: muda a contagem regressiva para o fim da trégua
A Casa Branca anunciou que Trump irá adiar a data de retomada de seu tarifaço para o dia 1º de agosto. A previsão era que as chamadas "tarifas recíprocas", que atingiram mais de 180 países, voltassem a valer nesta quarta-feira (9).
Segundo o governo norte-americano, Trump ainda deve assinar um decreto que confirma a ampliação da trégua nas tarifas. "Estamos próximos de outros acordos comerciais", declarou a Casa Branca.
A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano estava prestes a expirar, e o baixo número de acordos firmados até o momento continua gerando preocupação. Apesar da promessa de firmar acordos, Washington fechou apenas pactos limitados com o Reino Unido e o Vietnã.
A maioria dos países ainda tenta evitar as novas tarifas, que podem variar entre 10% e 50%. A União Europeia negocia para evitar sobretaxas em setores como agricultura, tecnologia e aviação, mas ainda enfrenta impasses com os EUA.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Trump tiveram uma "boa conversa", disse um porta-voz da instituição nesta segunda.
Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça também correm para apresentar concessões de última hora. As propostas incluem desde maior abertura comercial e compras bilionárias de produtos americanos até investimentos estratégicos em setores como energia e tecnologia.
🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global.
A situação influencia diretamente a política de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Na semana passada, o presidente Jerome Powell voltou a afirmar que a instituição pretende “esperar e obter mais informações” sobre os impactos das tarifas na inflação antes de reduzir as taxas de juros.
Mercados oscilam com incerteza renovada
Segundo analistas, o vaivém dos mercados deve se intensificar nos próximos dias, com o aumento da incerteza com a política tarifária de Trump e pela faltar de indicadores econômicos relevantes.
Os investidores também aguardam a ata da última reunião do Federal Reserve, que pode trazer pistas sobre a trajetória dos juros nos EUA.
Os índices acionários da China e de Hong Kong caíram nesta segunda-feira. Embora a China possa desfrutar da trégua comercial acordada com os EUA, o sentimento ainda era de nervosismo entre investidores.
No fechamento, o índice CSI300 caiu 0,43%, enquanto o índice SSEC, em Xangai, subiu 0,02%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 0,12%.
Na Europa, o índice Stoxx 600 fechou em alta. Nos EUA, os índices de Wall Street encerraram em queda.
Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025.
Tatan Syuflana/ AP