Dólar fecha estável na véspera das tarifas de 50% contra o Brasil; Ibovespa sobe

Tarifaço do Trump ao Brasil começa a valer na quarta-feira O dólar fechou estável nesta terça-feira (5), com leve recuo de 0,01%, cotado a R$ 5,5060. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subiu 0,14%, alcançando 133.151 pontos. ▶...

05/08/2025 | Economia

 

Tarifaço do Trump ao Brasil começa a valer na quarta-feira
O dólar fechou estável nesta terça-feira (5), com leve recuo de 0,01%, cotado a R$ 5,5060. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subiu 0,14%, alcançando 133.151 pontos.
▶️ O dia foi marcado pela cautela no mercado, na véspera da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil. Há expectativa de que o governo brasileiro ainda consiga algum avanço nas negociações com o republicano, mas também cresce o receio de novas medidas retaliatórias dos EUA após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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▶️ Outro destaque foi a divulgação da ata da última reunião do Copom. No documento, o Banco Central (BC) afirmou que o tarifaço de Trump gera “impactos setoriais relevantes” e que a instituição pretende manter uma “postura de cautela” diante das incertezas no cenário internacional. (entenda mais abaixo)
▶️ Por fim, o mercado segue à espera de novos dados econômicos no Brasil e no exterior, além de acompanhar a divulgação de balanços corporativos. Nesta terça-feira, o foco está em indicadores de atividade tanto no Brasil quanto nos EUA.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,69%;
Acumulado do mês: -1,69%;
Acumulado do ano: -10,90%.
📈Ibovespa


Acumulado da semana: +0,54%;
Acumulado do mês: +0,06%;
Acumulado do ano: +10,70%.
Copom e agenda econômica
Um dos destaques da sessão de hoje, a ata do Copom trouxe novas sinalizações sobre os possíveis efeitos do tarifaço de Trump na economia e nos preços brasileiros.
No documento, o colegiado destacou que as tarifas impostas pelos EUA podem ter "impactos setoriais relevantes e incertos", que ainda dependem dos desdobramentos da negociação do Brasil com os norte-americanos.
Diante desse cenário, o Comitê destacou que continua a acompanhar com atenção os possíveis reflexos das tarifas na economia brasileira e sobre os ativos financeiros.
"A avaliação predominante no Comitê é que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela", afirmou o colegiado na ata.
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o tarifaço pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano. Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil.
Os setores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos estão calculando os prejuízos e, ao mesmo tempo, já se movimentam para atenuar esse impacto com pedidos ao governo federal.
Ainda entre os indicadores, a atividade do setor de serviços dos EUA ficou inesperadamente estagnada em julho, com pouca mudança nas encomendas e enfraquecimento do emprego. Já no Brasil, o índice de gerentes de compras (PMI) de serviços registrou a maior queda em mais de quatro anos, segundo divulgado pela S&P Global.
À espera do tarifaço
Às vésperas do início do tarifaço no Brasil, investidores ficam de olho nas tentativas de aproximação do governo brasileiro com os EUA e monitoram quais os possíveis feitos da prisão de Jair Bolsonaro (PL) nas negociações.
A prisão domiciliar do ex-presidente foi decretada na noite de ontem, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão veio após Bolsonaro ter descumprido medidas cautelares, como a proibição de uso das redes sociais — inclusive por meio de terceiros.
Em um momento delicado de negociação entre o Brasil e os EUA, no entanto, a decisão de Moraes traz dúvidas ao mercado sobre eventuais retaliações de Trump contra o país. O republicano defendeu Bolsonaro mais de uma vez nos últimos meses, reiterando que o julgamento do ex-presidente era uma "caça às bruxas" e confirmando que isso era um dos motivos para o Brasil ser o país mais taxado.
A ordem executiva que decretou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada, e colocou o prazo de amanhã (6) para o início da cobrança das novas taxas.
De acordo com a Casa Branca, a tarifa de 50% contra o Brasil foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
Nesta segunda-feira, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou que o Brasil entre com uma consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço.
“O conselho de ministros da Camex aprovou o Brasil entrar com a consulta na OMC. Então está aprovado pelo Conselho de Ministros da Camex, e agora o presidente Lula vai decidir como fazê-lo e quando fazê-lo”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A consulta à OMC é o primeiro passo no processo formal de contestação de medidas comerciais. Caso não haja entendimento na fase inicial, o Brasil poderá pedir a instalação de um painel de arbitragem no órgão.
Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters