Juros mais altos e desaceleração da economia podem piorar nÃveis de inadimplência; veja como se preparar
Expectativa de um crédito ainda mais caro e restrito acende uma luz amarela sobre o endividamento no paÃs. Consumidores devem revisar orçamento e contratos de crédito. Carteira, dinheiro, inadimplência, comércio, dÃvida - Presidente Prud...
31/01/2025 | Economia


Expectativa de um crédito ainda mais caro e restrito acende uma luz amarela sobre o endividamento no paÃs. Consumidores devem revisar orçamento e contratos de crédito. Carteira, dinheiro, inadimplência, comércio, dÃvida - Presidente Prudente (SP)
Bárbara Munhoz/g1
A nova alta de juros pelo Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), anunciada na quarta-feira (29), levou a taxa básica do paÃs (Selic) ao maior patamar desde setembro de 2023 – e agora acende uma luz amarela sobre o endividamento no paÃs.
Segundo especialistas consultados pelo g1, o movimento, somado à indicação de possÃveis novas altas, deve tornar o crédito mais caro e restrito, aumentando a perspectiva de que as taxas de inadimplência podem subir.
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Esse cenário ocorre após um perÃodo favorável para a economia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE) mostram que, até os três meses encerrados em setembro de 2024, o paÃs registrou uma sequência de 13 trimestres positivos no Produto Interno Bruto (PIB).
Esse bom desempenho reflete o aumento do consumo das famÃlias, que tem sido impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido.
No entanto, segundo Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), esse cenário tende a mudar.
“A inflação tem sido persistente, o que faz com que as famÃlias acabem precisando usar uma parte maior do orçamento para despesas básicas, sobrando menos espaço para o consumo. Isso, somado ao aumento de juros, também impacta a capacidade de pagamento de dÃvidasâ€�, explica.
Os juros são uma ferramenta usada pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ou seja, os juros sobem para reduzir o consumo das famÃlias e, consequentemente, diminuir a inflação – e vice-versa.
Por isso, especialistas indicam que a última alta das taxas anunciada pelo Copom já era amplamente esperada pelo mercado. Além de uma atividade econômica ainda forte, há grande incerteza sobre o futuro das contas públicas do paÃs — outra variável que influencia as expectativas de inflação.
Segundo Fernando Lamounier, educador financeiro e sócio da Multimarcas Consórcios, a nova alta da Selic pode acabar aumentando o endividamento das famÃlias e comprometendo sua capacidade de pagamento.
"Quando a taxa de juros sobe, as parcelas tendem a aumentar e muitos brasileiros podem ter dificuldades em manter seus pagamentos em dia. Isso leva a um aumento da inadimplência, dificultando ainda mais o acesso ao crédito e comprometendo a recuperação econômica das famÃlias", diz.
Por isso, especialistas indicam que, apesar de a concessão de crédito ter crescido nos últimos meses e da inadimplência não ter aumentado significativamente, a expectativa é que este ano seja “mais difÃcilâ€�, com crédito mais caro e restrito para o consumidor final.
“E do lado das instituições financeiras, quando a taxa básica aumenta, sobram dois caminhos: ou elas emprestam menos, ou emprestam no mesmo nÃvel, mas correndo um risco maior de inadimplênciaâ€�, explica Caio Macedo, vice-presidente de estratégia e marketing da Equifax Boa Vista.
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Segundo especialistas consultados pelo g1, esse é um bom momento para os consumidores revisarem seus orçamentos e contratos de crédito.
De acordo com Macedo, da Equifax, se o crédito tomado for ajustado pelos juros (pós-fixado), é importante entender como a nova alta da Selic pode afetar as parcelas pagas pelo consumidor.
“É preciso fazer a conta. Colocar no papel o quanto você ganha, qual a sua renda disponÃvel e fazer uma projeção de quanto ficará a parcela. Se a taxa de juros é variável no seu contrato de crédito, isso pode aumentar o custo do que você pagaâ€�, explica o executivo.
A mesma dica, acrescenta Macedo, vale para famÃlias que tiveram uma redução na renda familiar, como pela perda de um emprego. “Se houve alguma perda na renda, esse também pode ser um bom momento para ir ao banco, explicar a situação e buscar formas de honrar seu compromissoâ€�, completa.
Borges, da CNDL, reforça a necessidade de fazer um acordo que seja condizente com a realidade de pagamento.
“Se conseguir evitar entrar em dÃvida por enquanto, pode ser a melhor escolha. Mas, se precisar fazer um acordo, é preciso organizar as finanças. Principalmente porque a maioria dos acordos não cumpridos acontece porque o consumidor compromete o dinheiro que serviria para pagar contas básicasâ€�, afirma a especialista.
“Então, é importante fazer acordos realizáveis, mesmo que isso custe um tempo maior de negativação e sem consumo�, complementa.
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Dicas para superar o endividamento
O educador financeiro Lamounier separou cinco dicas para os consumidores conseguirem organizar as finanças.
Veja abaixo.
Faça um diagnóstico da situação: faça um levantamento de todas as suas contas, registrando o valor de cada uma, as taxas de juros aplicadas e as datas de vencimento. Isso proporcionará uma visão clara sobre quais despesas devem ser quitadas com maior urgência.
Priorize o pagamento das dÃvidas: atente-se à s dÃvidas com juros elevados, como cartão de crédito ou cheque especial. Além disso, tente negociar as condições. Muitas vezes, os credores oferecem opções de parcelamento ou descontos à vista.
Crie um orçamento mensal: faça um planejamento de todos os seus gastos mensais. Nele, coloque tudo o que é essencial antes de pensar em despesas menos prioritárias.
Evite o uso excessivo do crédito: apesar da praticidade, o uso excessivo do cartão de crédito pode levar ao endividamento rápido. Se for necessário utilizar o cartão, procure sempre quitar a fatura integralmente até o vencimento, para fugir dos juros.
Evite novos empréstimos: tente não recorrer a novos empréstimos ou financiamentos para cobrir dÃvidas antigas. Embora pareça uma solução rápida, isso pode aumentar ainda mais sua carga financeira.
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