‘Brasil não é problema comercial para os Estados Unidos’, diz Alckmin sobre memorando de Trump

Presidente dos EUA assinou memorando que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, e citou etanol brasileiro como exemplo. O vice-presidente Geraldo Alckmin, durante entrevis...

13/02/2025 | Economia

 

Presidente dos EUA assinou memorando que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, e citou etanol brasileiro como exemplo. O vice-presidente Geraldo Alckmin, durante entrevista em Baku, no Azerbaijão
Reprodução/Canal Gov
O vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, comentou nesta quinta-feira (13) o memorando assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O documento prevê a cobrança de tarifas recíprocas para países que cobram taxas da indústria norte-americana.
"O memorando não é especificamente em relação ao Brasil, é mais genérico. E é natural que o governo americano queira avaliar o seu comércio exterior. O Brasil não é problema comercial para os Estados Unidos. A nossa balança comercial é equilibrada", declarou Alckmin.
"O caminho do comércio exterior é ganha-ganha. Reciprocidade não é alíquota igual, reciprocidade é onde você é mais competitivo você vende mais, onde você é menos competitivo você compra, produtos que você não tem, você adquire. Essa é a regra, e é nesse princípio que vamos trabalhar", prosseguiu.
O ministro reiterou que a intenção do governo brasileiro é manter o diálogo com as autoridades americanas, "conversando e ouvindo a iniciativa privada".
Vice-presidente Geraldo Alckmin defende diálogo sobre taxação das importações americanas de aço e alumínio
No memorando, Trump mencionou especificamente o etanol brasileiro:
"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
Questionado sobre o produto, Alckmin esclareceu: "No caso do etanol, primeiro é importante ressaltar que o etanol no Brasil é de cana de açúcar, então ele descarboniza mais, ele tem um terço a menos de pegada de carbono. E quando a gente analisa o açúcar, ele tem uma cota. E quando sai da cota, é 90% o imposto de importação pra entrar nos EUA, não é 18, é 90%".
"Mas o caminho é o caminho do entendimento, do diálogo. É muito bom que os países levantem, façam estudos, analisem o comércio exterior, essa é uma tarefa cotidiana", reiterou.
Posição da Fazenda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentou o memorando de Trump. Para ele, é preciso cautela para entender o que será efetivamente feito e, por isso, acredita ser possível negociar.
“Possivelmente sim [há espaço para negociação], mas nós temos que aguardar�, disse Haddad.
“Então, diante da maneira como estão sendo anunciadas as medidas, e confirmadas ou não, nós vamos aguardar, não vamos a qualquer sinalização nos manifestar, até porque temos que ver como é que termina essa história. A partir do momento que nós tivermos um balanço do que eles pretendem, aí sim nós vamos estar com a radiografia feita e vamos considerar�, declarou ele.
O ministro reforçou que os Estados Unidos vendem mais para o Brasil do que compram produtos brasileiros.
“Eles têm uma balança superavitária conosco. Então, não faz muito sentido nós complicarmos o que está funcionando bem. A balança é relativamente estável, favorável a eles, não há muita razão para isso�, completou.
Memorando de Trump
O presidente norte-americano assinou nesta quinta um memorando que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos.
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente Trump de taxar seus parceiros comerciais. Os principais alvos são países que os EUA têm déficit na balança comercial — ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Desta vez não há uma tarifa específica para países determinados, mas uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio com os EUA.