48% das exportações dos EUA ao Brasil chegam sem imposto, e 15% têm taxação de até 2%, diz Câmara Americana de Comércio
Na quinta, Donald Trump determinou cobrança de 'tarifa recÃproca' de paÃses que cobram taxas para importar produtos americanos. Donald Trump anuncia novas tarifas contra paÃses que taxam produtos americanos A Câmara Americana de Comércio ...
14/02/2025 | Economia


Na quinta, Donald Trump determinou cobrança de 'tarifa recÃproca' de paÃses que cobram taxas para importar produtos americanos. Donald Trump anuncia novas tarifas contra paÃses que taxam produtos americanos
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) informou nesta sexta-feira (14) que, embora a tarifa média de importação brasileira para o mundo seja de 12,4%, o imposto médio efetivo sobre as importações americanas é de 2,7%.
💵 Segundo a entidade, essa diferença acontece porque:
grande parte do que o Brasil importa dos EUA é isenta de imposto – aeronaves e peças, petróleo bruto e gás natural, por exemplo;
mesmo quando há uma alÃquota vigente, existem regimes aduaneiros especiais – "drawback", ex-tarifário e Recof, por exemplo – que reduzem ou até eliminam por completo a cobrança nos itens trazidos dos EUA.
"Como resultado, mais de 48% das exportações americanas para o Brasil entram sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alÃquotas de no máximo 2%", informou a Amcham Brasil.
A Amcham Brasil é uma entidade sem fins lucrativos, apartidária e que não possui vÃnculos ou recebe recursos financeiros de governos. Com a intenção de estimular o comércio com os EUA, ela possui mais de 3.500 empresas associadas, que representam, em conjunto, cerca de 1/3 do PIB e três milhões de empregos diretos no Brasil.
Nesta quinta-feira (13), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando que determina a cobrança de tarifas recÃprocas a paÃses que cobram taxas de importação de produtos americanos. Isso quer dizer que tarifas aplicadas por paÃses serão aplicadas nos Estados Unidos para em suas compras.
Entre os exemplos para a polÃtica de tarifas recÃprocas, o governo dos EUA cita o etanol brasileiro: "a tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
📈 Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, segundo dados do Departamento de Comércio americano, atrás apenas do Canadá.
📈 Em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço, segundo o governo brasileiro.
Aço e alumÃnio
Antes disso, o presidente norte-americano, Donald Trump, já tinha anunciado aumento das tarifas sobre aço e alumÃnio para revitalizar a indústria americana, que perdeu projeção global.
"Nossa nação precisa que o aço e o alumÃnio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas", declarou o presidente norte-americano.
Ocorre que, em abril do ano passado, ou seja, há menos de um ano, o governo brasileiro também já tinha adotado uma medida protecionista semelhante, com validade de junho de 2024 em diante.
Na ocasião, o Comitê da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu aumentar o imposto de importação para 25% para alguns produtos de aço. A medida ainda segue em vigor, valendo até o fim de maio deste ano.
Mas, ao contrário dos Estados Unidos, o governo fixou cotas para a importação de aço no ano passado. Somente o que excedesse as cotas fixadas seria sobretaxado.
Amcham Brasil pede diálogo
Diante do anúncio de elevação de tarifas pelos EUA, a Amcham Brasil apontou a "necessidade de um diálogo construtivo entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos para buscar soluções negociadas e equilibradas".
"A relação econômica e comercial entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada e benéfica para empresas, trabalhadores e consumidores de ambos os paÃses. A alta complementariedade e o perfil intrafirma do comércio bilateral tornam os Estados Unidos um fornecedor confiável e competitivo para o setor produtivo brasileiro, assim como o Brasil para as empresas americanas", avaliou a Amcham Brasil.
Números do Ministério do Desenvolvimento, que tem inÃcio em 1997, mostram um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior.
Os números oficiais revelam, também, que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os Estados Unidos desde 2009, ou seja, nos últimos 16 anos. Nesse perÃodo, as vendas americanas ao Brasil superaram suas importações em US$ 88,61 bilhões.
Por que o etanol brasileiro entrou na mira de Trump