Ações da Azul serão excluídas dos índices da bolsa brasileira após pedido de recuperação nos EUA
Retirada dos papéis de 17 índices, incluído o Ibovespa, ocorrerá no fim do pregão desta quinta (29), informou a B3. A companhia aérea entrou com pedido de reestruturação nesta quarta, com dívidas de mais de R$ 11 bilhões. Ações da Azul despenca...
28/05/2025 | Economia


Retirada dos papéis de 17 índices, incluído o Ibovespa, ocorrerá no fim do pregão desta quinta (29), informou a B3. A companhia aérea entrou com pedido de reestruturação nesta quarta, com dívidas de mais de R$ 11 bilhões. Ações da Azul despencam com pedido de recuperação judicial nos EUA
As ações da Azul serão excluídas dos índices da bolsa de valores brasileira, informou a B3 em comunicado emitido nesta quarta-feira (28). A medida será efetuada no fim do pregão desta quinta (29) e inclui a retirada dos papéis da empresa do Ibovespa — principal índice de ações do país.
🔎 Com a decisão, os valores mobiliários de emissão da companhia continuarão a ser negociados na bolsa, mas sob o título de "Outras Condições", declarou a B3.
A bolsa afirmou que a exclusão dos índices ocorre em virtude do pedido de proteção da companhia aérea dentro do Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos, o Chapter 11 — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil.
O objetivo da Azul é reduzir significativamente seu endividamento e gerar caixa. O plano prevê eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de atrair US$ 950 milhões em novos aportes de capital na saída do processo, segundo a companhia.
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A bolsa de valores brasileira informou que a exclusão dos papéis da Azul atende aos termos de seu manual de definições e procedimentos. As normas preveem, entre outros pontos, que ações sejam retiradas dos índices em casos de empresas que entram em recuperação judicial.
"A Azul terá seus títulos excluídos dos índices (...) ao seu preço de fechamento após o encerramento do pregão regular de 29/05/2025, sendo sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores", informou.
Veja os índices que terão a exclusão dos títulos da Azul:
IBOV
IGCX
IBXX
IGCT
IBRA
IVBX
ISEE
ITAG
SMLL
IBXL
IDVR
IBHB
IBBR
IBEP
IBEW
IBBE
IBBC
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Reação negativa
Mesmo com o mercado já ciente do mau momento da Azul, o pedido de recuperação judicial gerou uma reação bastante negativa nesta quarta-feira.
Antes da abertura do mercado nos EUA, as ações da companhia chegaram a cair 40%. Por volta das 10h45, a queda na bolsa brasileira era de aproximadamente 6%, até que os papéis foram colocados em leilão.
🔎 O leilão é acionado quando há oscilações abruptas no preço das ações ou em momentos específicos. Ele serve para proteger o mercado de movimentos extremos e permitir que os investidores reajam com mais calma.
A crise da Azul não vem de hoje. Duas semanas atrás, suas ações já haviam liderado as perdas do Ibovespa, após a empresa divulgar um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre — resultado pior que o registrado em 2024. No acumulado do ano, os papéis já caíram 70%.
Até então, a Azul era a única empresa aérea em operação no Brasil que não havia recorrido a um processo de recuperação judicial para reestruturar suas finanças. A Gol acionou o Chapter 11 em janeiro de 2024. (relembre no vídeo abaixo)
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O pedido de recuperação judicial da Azul
A companhia aérea declarou que o processo de recuperação nos Estados Unidos "permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira".
O processo inclui US$ 1,6 bilhão em financiamento para eliminar mais de R$ 11 bilhões em dívidas. Enquanto isso, a Azul seguirá operando normalmente, "mantendo compromissos com os públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume", informou.
A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders (partes interessadas ou envolvidas em uma organização), incluindo detentores de títulos, a AerCap — sua maior arrendadora — e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que "acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul".