Dólar fecha abaixo dos R$ 5,70 pela primeira vez desde novembro, com Trump e Datafolha no radar
Moeda norte-americana caiu 1,26%, cotada a R$ 5,6956. O Ibovespa, principal Ãndice da bolsa de valores, fechou em alta de 2,70%, aos 128.219 pontos. Trump assina memorando sobre reciprocidade tarifária Kevin Lamarque/Reuters O dólar fechou e...
14/02/2025 | Economia


Moeda norte-americana caiu 1,26%, cotada a R$ 5,6956. O Ibovespa, principal Ãndice da bolsa de valores, fechou em alta de 2,70%, aos 128.219 pontos. Trump assina memorando sobre reciprocidade tarifária
Kevin Lamarque/Reuters
O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (14), ficando abaixo de R$ 5,70 pela primeira vez desde novembro. No dia 7, a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 5,6752
O mercado financeiro vinha de certo alÃvio com o memorando de tarifas recÃprocas para todas as importações que chegam aos Estados Unidos, determinado pelo presidente Donald Trump.
Na prática, a medida visa igualar as tarifas cobradas pelos EUA para receber produtos de outros paÃses à s tarifas que esses paÃses cobram para importar produtos dos americanos.
Essas tarifas só devem começar a valer em 1° de abril, o que reduziu a pressão sobre o dólar neste pregão. No entanto, investidores e economistas estão preocupados que o tarifaço possa pressionar a inflação norte-americana.
No Brasil, a queda do dólar se acentuou após a pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo" que aponta que 24% dos eleitores brasileiros aprovam o governo do presidente Lula (PT) e que 41% reprovam.
É o pior nÃvel de aprovação em todos os três mandatos do presidente Lula, e a reprovação também é recorde. O mercado financeiro interpreta que os resultados reduzem as chances do presidente em uma tentativa de reeleição.
Além disso, foram divulgados novos dados do mercado de trabalho. A taxa anual de desemprego foi a menor da história em 14 estados brasileiros em 2024, segundo a PNAD ContÃnua Trimestral, publicada pelo IBGE.
O Ibovespa, principal Ãndice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3 fechou em forte alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Em meio a decretos de Trump elevando tarifas, veja principais itens do comércio entre Brasil e EUA e as tarifas cobradas
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
O dólar fechou em queda de 1,26%, cotado a R$ 5,6956. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,68% na semana;
recuo de 2,43% no mês; e
perdas de 7,83% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,10%, cotada a R$ 5,7684.
a
Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta de 2,70%, aos 128.219 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,89% na semana;
ganho de 1,65% no mês;
alta de 6,60% no ano.
Na véspera, o Ãndice teve alta de 0,38%, aos 124.850 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
O 'tarifaço' de Trump continua a repercutir entre investidores do mundo todo. Na quinta-feira, o presidente americano anunciou a criação de tarifas recÃprocas para os paÃses que cobram taxas de importação sobre seus produtos.
O memorando, assinado durante a tarde, não especificou tarifas para paÃses especÃficos, mas estabeleceu uma orientação geral de reciprocidade para os paÃses que impõem dificuldades ao comércio dos EUA.
"Os outros paÃses podem reduzir ou eliminar suas tarifas. Queremos um sistema nivelado", disse Trump, em coletiva de imprensa na Casa Branca
Entre os exemplos para a nova polÃtica de tarifas, o governo norte-americano citou o etanol brasileiro:
"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
As taxações anunciadas por Trump voltam a acender um alerta entre investidores e economistas pelo mundo. Isso porque os preços dos produtos que chegam aos EUA, ou que dependem de insumos importados para serem produzidos, tendem a ficar mais caros com o aumento das tarifas de importação.
Isso não apenas pressionaria a inflação norte-americana e poderia impossibilitar novos cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), como também pode acabar impactando os preços pelo mundo, trazendo o risco de uma elevação global da inflação.
Além disso, juros elevados nos EUA também aumentam o rendimento dos tÃtulos públicos norte-americanos, considerados os mais seguros do mundo. Isso tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o paÃs e a fortalecer o dólar em relação a outras moedas.
Dólar mais caro também impacta a inflação em todo o mundo, já que essa é a principal moeda para as negociações comerciais. Isso também pode pressionar os preços principalmente das commodities, como combustÃveis e alimentos.
Para o Brasil, os impactos ainda são mais setoriais, segundo Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e Partner na Saygo Comex. Ela explica que, embora o Brasil possa se beneficiar de retaliações comerciais contra os EUA, é preciso cautela.
"O aumento das tarifas pode diminuir significativamente o volume de exportações brasileiras para o mercado americano, afetando setores que dependem desse destino. O desafio será equilibrar as perdas potenciais com a busca por novos mercados e parcerias comerciais".
No Brasil, o principal destaque foi o resultado da pesquisa Datafolha, que mostra o pior nÃvel de aprovação em todos os três mandatos do presidente Lula. O mercado interpreta que as chances do petista em uma tentativa de reeleição diminuÃram.
Veja os números:
Ótimo/bom: 24% (eram 35% em dezembro);
Regular: 32% (eram 29% em dezembro);
Ruim/péssimo: 41% (eram 34% em dezembro);
Não sabem: 2% (era 1% em dezembro).
De acordo com o levantamento, no mesmo perÃodo do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha uma reprovação semelhante: 40% consideravam seu governo ruim ou péssimo e 31% achavam ótimo ou bom.
A aprovação do governo Lula também teve queda tanto entre homens quanto em mulheres, sendo que 24% dos dois gêneros aprovam o presidente (eram 38% das mulheres e 33% dos homens em dezembro).
Entre os que ganham até dois salários mÃnimos, o Datafolha aponta que a aprovação caiu de 44% para 29% de dezembro de 2024 para fevereiro. A margem de erro deste grupo é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Já entre os que ganham acima de dez salários mÃnimos a aprovação passou de 32% para 18%. A variação fica dentro da margem de erro, que é de 12 pontos percentuais para mais ou para menos.
Veja os resultados da pesquisa aqui: Datafolha: 24% aprovam o governo Lula e 41% reprovam