Dólar sobe e fecha em R$ 5,75, após falas de Haddad e Marinho e de olho em Lula; Ibovespa cai

A moeda norte-americana avançou 0,43%, cotada a R$ 5,7554. Já o principal índice da bolsa de valores brasileira recuou 1,36%, aos 125.401 pontos. Notas de dólar. Luisa Gonzalez/ Reuters O dólar ganhou força no meio da tarde e fechou a ses...

24/02/2025 | Economia

 

A moeda norte-americana avançou 0,43%, cotada a R$ 5,7554. Já o principal índice da bolsa de valores brasileira recuou 1,36%, aos 125.401 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar ganhou força no meio da tarde e fechou a sessão desta segunda-feira (24) em alta, cotado em R$ 5,75, perto das máximas do dia. Investidores repercutiam novas falas dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Trabalho, Luiz Marinho.
Durante evento da B3, o ministro afirmou que "não existe um ajuste fiscal possível" se a economia não crescer. Haddad também afirmou que os desafios fiscais e a necessidade de investimentos públicos não se resolvem apenas com o arcabouço fiscal.
As falas do ministro se somam aos recentes posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a necessidade de baixar os preços dos alimentos, e voltam a colocar os holofotes do mercado sobre o quadro fiscal do país.
Nesse sentido, o mercado também deve monitorar o pronunciamento em rede nacional por parte de Lula, previsto para as 20h30 desta segunda-feira. Falas do ministro do Trabalho sobre o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também ficavam no radar. (entenda mais abaixo)
O cenário geopolítico internacional também ficou sob os holofotes, em meio às negociações para o fim da guerra da Rússia na Ucrânia. Neste domingo (23), o presidente Volodymyr Zelensky disse que estaria disposto a deixar a presidência se isso ajudasse o país a entrar num acordo de paz.
Também na Europa, investidores reagiram bem à vitória da união de partidos conservadores nas eleições parlamentares da Alemanha no domingo, ganhando do partido de extrema-direita e do atual chanceler, Olaf Sholz.
Ao longo da semana, dados de inflação, mercado de trabalho e atividade econômica serão divulgados no Brasil e nos Estados Unidos. Esses números serão observados com atenção porque podem trazer pistas sobre os próximos passos dos bancos centrais dos dois países na condução dos juros.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3 encerrou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 0,43%, cotado a R$ 5,7554. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7559. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,43% na semana;
recuo de 1,40% no mês; e
perdas de 6,87% no ano.
Na última sexta-feira, a moeda americana teve alta de 0,46%%, cotada a R$ 5,7305.

a
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,36%, aos 125.401 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
queda de 1,36% na semana;
perdas de 0,58% no mês;
alta de 4,25% no ano.
Na sexta, o índice teve baixa de 0,37%, aos 127.128 pontos.

O que está mexendo com os mercados?
O mercado deu início à última semana de fevereiro de olho no quadro fiscal do Brasil e no noticiário geopolítico internacional.
Por aqui, após falas recentes do presidente Lula sobre sua intenção de baixar o preço dos alimentos e sobre enxergar um crescimento melhor do que o esperado para a economia, as atenções ficaram voltadas para a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento da B3.
O ministro afirmou que "não existe um ajuste fiscal possível" caso a economia não cresça, destacando que os desafios fiscais e a necessidade de investimentos públicos não serão resolvidos apenas com o arcabouço fiscal.
Haddad também afirmou ser "politicamente difícil" corrigir desequilíbrios fiscais, reforçando que a determinação do presidente Lula é que a equipe econômica encontre o equilíbrio das contas públicas sem penalizar a população mais pobre.
As falas do ministro se somam aos recentes posicionamentos de Lula sobre a economia e a necessidade de baixar os preços dos alimentos, voltando a colocar os holofotes do mercado sobre o quadro fiscal do país.
Diante de todo esse cenário, também ficaram no radar as falas recentes do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, sobre o Caged. Segundo o ministro, o país deve reportar a criação de 100 mil vagas de empregos formais em janeiro. O relatório deve ser divulgado na quarta-feira.
O número, bem acima do esperado pelo mercado, também acende o alerta sobre o futuro dos juros no país. Isso porque mais emprego significa mais renda na mão da população — o que pode pressionar a inflação e obrigar o Comitê de Política Monetária (Copom) a seguir com juros restritivos por mais tempo.
Na agenda de indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar o IPCA-15 de fevereiro, considerado a prévia da inflação oficial, na terça-feira. Já na quarta (26) e na quinta (27), novos dados do mercado de trabalho serão conhecidos.
Cenário geopolítico
No exterior, as notícias sobre o quadro geopolítico internacional continuavam a impactar os mercados. Após três anos desde o início da guerra da Rússia na Ucrânia, o mercado enxerga que um acordo de paz pode estar prestes a acontecer, sobretudo após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmar que está disposto a deixar o governo em troca de um fim do conflito.
Zelensky também condicionou uma eventual saída do cargo à entrada da Ucrânia na Otan, a aliança militar ocidental rival da Rússia. Disse ainda que está disposto a sair imediatamente do cargo.
"Se for pela paz na Ucrânia e se realmente quiserem que eu deixe meu cargo, estou pronto para isso. Em segundo lugar, posso trocar isso (a presidência) pela (entrada da Ucrânia na) Otan se houver essa oportunidade", disse Zelensky em entrevista coletiva à imprensa em Kiev. "Farei isso imediatamente. Não planejo estar no poder por décadas".
O fim da guerra, além de amenizar os problemas humanitários causados pelo conflito, também pode trazer alívios econômicos para diversas cadeias produtivas. Isso porque a região é uma grande exportadora de grãos, gás e petróleo e o fim do conflito tiraria a pressão sobre os preços destes itens.
Ainda na Europa, os alemães foram às urnas neste domingo e deram a vitória da maioria do parlamento aos conservadores da União Democrática Cristã (CDU). A derrota do partido que tinha o poder, os Social Democratas, foi influenciada por questões econômicas, em meio a uma inflação alta e a economia estagnada.
Essas eleições foram convocadas em dezembro do ano passado, antecipadamente, por conta de uma crise que colapsou o governo anterior, de Olaf Scholz.
Em novembro, ele demitiu seu ministro das Finanças, que é liberal, após discordâncias sobre a política econômica. Em protesto, os outros ministros liberais do governo anunciaram renúncia ao governo, deixando o gabinete de Scholz sem maioria no Parlamento Federal, o Bundestag, o que, na prática, tornou seu governo inviável.
Na agenda de indicadores, destaque para o PIB dos EUA referente ao quarto trimestre que deve ser divulgado na próxima quinta-feira, junto a novos números de emprego do país. Na sexta-feira, novos dados de inflação norte-americana serão divulgados.
*Com informações da agência de notícias Reuters