Dólar cai a R$ 5,46, no início do tarifaço e com apostas de corte de juros nos EUA; Ibovespa sobe

Tarifaço de Trump: taxas de 50% contra o Brasil entram em vigor nesta quarta-feira O dólar fechou em queda de 0,78% nesta quarta-feira (6), cotado a R$ 5,4631. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve alta de 1,04%, aos 134.538...

06/08/2025 | Economia

 

Tarifaço de Trump: taxas de 50% contra o Brasil entram em vigor nesta quarta-feira
O dólar fechou em queda de 0,78% nesta quarta-feira (6), cotado a R$ 5,4631. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve alta de 1,04%, aos 134.538 pontos.
O dólar e a bolsa reagiram bem na sessão de hoje porque investidores estão mais dispostos a correr risco, principalmente com o aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, poderá cortar os juros na próxima reunião, em setembro.
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Além disso, o mercado acompanhava de perto a entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
▶️ Nesta quarta, o governo formalizou o "pedido de consulta" contra as tarifas na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que "os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC", mas que o Brasil está à "disposição para negociação".
▶️ Enquanto investidores esperam um acordo entre Brasil e EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista à agência Reuters, que só pretende ligar para Trump quando sentir que há disposição real para diálogo. Até lá, afirmou que não vai se "humilhar".
▶️O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que o pacote de ajuda a setores e empresas afetados pela tarifa incluirá crédito e aumento de compras governamentais. Ele também confirmou que se reunirá na semana que vem com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
▶️ Ainda sobre o tarifaço, os EUA anunciaram uma tarifa adicional de 25% contra a Índia. Segundo Trump, a medida é uma retaliação ao país por continuar adquirindo petróleo da Rússia, o que, na visão do republicano, contribui para a continuidade da guerra na Ucrânia.
▶️Entre os dados econômicos, destaque para a balança comercial brasileira de julho. O país exportou US$ 7,075 bilhões a mais do que importou (superávit), mas teve uma queda de 6,3% em relação ao registrado no mesmo mês de 2024. Os números vieram acima do esperado pelo mercado, que previam um superávit de R$ 6 bilhões.
▶️No exterior, o foco continua no Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Investidores estão atentos à possibilidade de cortes na taxa de juros a partir de setembro e à espera da indicação de Trump para uma vaga aberta na diretoria do banco central dos EUA.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -1,47%;
Acumulado do mês: -2,46%;
Acumulado do ano: -11,60%.
📈Ibovespa


Acumulado da semana: +1,59%;
Acumulado do mês: +1,10%;
Acumulado do ano: +11,85%.
O tarifaço chegou
O tarifaço chegou no Brasil nesta quarta-feira (6), ainda sem nenhum avanço nas negociações do governo brasileiro com os Estados Unidos. Investidores ainda monitoram quais os possíveis feitos da prisão de Jair Bolsonaro (PL) nas negociações.
A prisão domiciliar do ex-presidente foi decretada na última segunda-feira (4) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão veio após Bolsonaro ter descumprido medidas cautelares, como a proibição de uso das redes sociais — inclusive por meio de terceiros.
Em um momento delicado de negociação entre o Brasil e os EUA, no entanto, a decisão de Moraes traz dúvidas ao mercado sobre eventuais retaliações de Trump contra o país. O republicano defendeu Bolsonaro mais de uma vez nos últimos meses, reiterando que o julgamento do ex-presidente era uma "caça às bruxas" e confirmando que isso era um dos motivos para o Brasil ser o país mais taxado.
A ordem executiva que decretou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada.
De acordo com a Casa Branca, a tarifa de 50% contra o Brasil foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
Governo Lula aciona OMC
Com as tarifas em vigor, o Ministério das Relações Exteriores informou nesta quarta que o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
"Ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização", afirma a nota do Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou ainda que o Brasil está à "disposição para negociação e espera que as consultas [feitas nesta quarta] contribuam para uma solução para a questão".
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou a jornalistas pela manhã que o pacote de ajuda do governo a setores e empresas afetados pela tarifa mais elevada dos EUA incluirá crédito e aumento de compras governamentais, acrescentando que conversará na semana que vem com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
"O escopo das tarifas de 50% será mais brando do que o inicialmente esperado. Embora o impacto macroeconômico direto deva ser limitado, os efeitos setoriais são relevantes e o impacto indireto pode ganhar tração caso haja deterioração significativa da percepção de risco", disseram analistas do BTG em relatório.
Agenda econômica
Na agenda econômica, um dos destaques da sessão fica com a divulgação da balança comercial brasileira.
Os dados oficiais também apontam que o Brasil registrou déficit em suas transações comerciais com os Estados Unidos pelo sétimo mês seguido em julho.
🔎Um déficit comercial significa que o Brasil importou mais produtos americanos do que exportou para os Estados Unidos. O que, para a economia brasileira, representa um cenário desfavorável.
Em julho, as exportações brasileiras aos Estados Unidos somaram US$ 3,71 bilhões. Já as importações feitas pelo Brasil totalizaram US$ 4,26 bilhões no período. Com isso, o saldo ficou deficitário para o Brasil em US$ 559 milhões no mês passado.
Além disso, uma série de balanços corporativos e dados econômicos internacionais também ficaram no radar, com os investidores de olho em eventuais novas pistas de dirigentes do Fed sobre o futuro dos juros nos EUA.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
*Com informações da Agência Reuters e Agência Brasil