Dólar cai e fecha em R$ 5,67, com crise do IOF e tarifas de Trump no radar; Ibovespa recua
A moeda norte-americana recuou 0,75%, cotada a R$ 5,6750. Já a bolsa encerrou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos. Notas de dólar. Luisa Gonzalez/ Reuters O dólar recuou 0,75% nesta segunda-feira (2), e fechou a sessão cotado a R$ 5,6750. O I...
02/06/2025 | Economia


A moeda norte-americana recuou 0,75%, cotada a R$ 5,6750. Já a bolsa encerrou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar recuou 0,75% nesta segunda-feira (2), e fechou a sessão cotado a R$ 5,6750. O Ibovespa encerrou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos.
▶️ Os investidores continuaram a monitorar os impasses do governo em relação ao aumento do IOF. Em meio a pressões do Congresso para derrubar a medida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (2) que é possível "melhorar" a regulação do imposto com novas alterações, assim como "corrigir outras distorções" relativas a tributos do sistema financeiro.
▶️Além disso, o mercado também continuou a repercutir a revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody's, que passou de “positiva” para “estável”. A justificativa dada pela agência foi a dificuldade do governo de controlar os gastos e pagar a dívida pública.
▶️ Já no exterior, o vai e vem das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuou a mexer com os mercados. Nesta semana, o destaque ficou com a notícia de que o governo norte-americano quer que os países apresentem propostas "melhores" nas negociações das tarifas até a próxima quarta-feira (4). (Veja mais detalhes abaixo)
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,75%;
Acumulado do mês: -0,75%;
Acumulado do ano: -8,17%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,18%;
Acumulado do mês: -0,18%;
Acumulado do ano: +13,72%.
Impasse do IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (Leia mais)
A medida foi anunciada em 22 de maio, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo seria equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Nesta segunda-feira (2), Haddad disse que os ajustes em tributos, necessários para fechar as contas do orçamento de 2025, têm de ser tratados em conjunto com reformas estruturais — ou seja, com mudanças permanentes em regras para gastos públicos.
"Nós sabemos o que precisa ser feito. Precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E, diante do que eu ouvi, acredito que nessa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, mas aí combinado com as questões estruturais. Não dá para dissociar mais uma coisa da outra", afirmou.
"Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram", declarou.
Classificação da Moody's
A agência de classificação de risco Moody’s anunciou na sexta-feira (30) a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do país foi mantido em Ba1, um nível abaixo do chamado grau de investimento.
Segundo a agência, a piora na perspectiva está relacionada às contas públicas, especialmente à “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida”.
Além disso, a Moody's citou:
o avanço mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos públicos e na construção de credibilidade fiscal;
a capacidade limitada do governo de reduzir significativamente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar a dívida no curto prazo;
e a estrutura da dívida pública, atrelada a juros variáveis e à inflação, o que torna o perfil fiscal altamente sensível às oscilações das taxas de juros.
Para a Moody’s, esses desafios limitam o potencial de crescimento do investimento e do Produto Interno Bruto (PIB), além de dificultarem o avanço das reformas econômicas “que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil”.
Após a divulgação, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso “com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”.
O vai e vem das tarifas
Por fim, os desdobramentos da nova política tarifária de Trump continua a mexer com os mercados financeiros.
Nesta segunda-feira (2), o governo do presidente norte-americano indicou que vai pressionar os países para que apresentem propostas "melhores" nas negociações comerciais com os EUA. A informação consta em um rascunho de carta da gestão Trump, direcionada a nações que mantêm tratativas sobre as tarifas.
O documento mostra que as autoridades dos EUA querem acelerar as conversas antes da retomada do tarifaço, previsto para julho. Conforme o rascunho, o país pede que os países listem suas melhores propostas em diversas áreas-chave, incluindo ofertas de tarifas e cotas para compra de produtos industriais e agrícolas dos EUA, além de planos para eliminar barreiras não-tarifárias.
Embora autoridades como o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, tenham prometido repetidamente que vários acordos estavam próximos da conclusão, até agora apenas um acordo foi alcançado com um parceiro comercial importante dos EUA: o Reino Unido. O pacto limitado, no entanto, se assemelha mais a uma estrutura para conversas contínuas do que a um acordo final.
A preocupação com o avanço das negociações comerciais também vem em meio a impasses sofridos pelo governo Trump sobre a vigência das tarifas. Na semana passada, por exemplo, a suspensão da maioria das taxas pela Justiça americana trouxe alívio aos investidores
🔎 A decisão foi vista como positiva, pois o mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Mas o alívio durou pouco. A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA aceitou o recurso de Trump e restabeleceu o tarifaço no dia seguinte. A decisão fez com que os mercados financeiros voltassem a atuar com cautela, principalmente em meio à preocupação de que as tarifas cheguem nos preços aos consumidores e empresas norte-americanas.
Além disso, os temores aumentaram ainda mais depois que Trump anunciou que planeja dobrar as tarifas sobre o aço importado pelo país, de 25% para 50%, e acusou a China de violar o acordo sobre o tarifaço.
Em resposta, o Ministério do Comércio chinês disse nesta segunda-feira (2) que as acusações são "infundadas" e prometeu tomar medidas energéticas para proteger seus interesses, ampliando os temores de uma guerra comercial entre as duas potências.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Tarifaço de Trump volta a valer após tribunal aceitar recurso