Dólar fecha em queda, aos R$ 5,50, de olho no conflito no Oriente Médio; Ibovespa cai

A moeda norte-americana caiu 0,40%, cotada a R$ 5,5026. Já a bolsa de valores teve queda de 0,41%, aos 136.550 pontos. Irã ataca bases militares dos EUA no Catar; explosões são vistas em Doha O dólar fechou em queda de 0,40% nesta segunda-feira...

23/06/2025 | Economia

 

A moeda norte-americana caiu 0,40%, cotada a R$ 5,5026. Já a bolsa de valores teve queda de 0,41%, aos 136.550 pontos. Irã ataca bases militares dos EUA no Catar; explosões são vistas em Doha
O dólar fechou em queda de 0,40% nesta segunda-feira (23) cotado a R$ 5,5026. Já o Ibovespa teve queda de 0,41%, aos 136.550 pontos.
▶️ Os investidores avaliam os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã no final de semana, quando os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas. A entrada do país inicialmente aumentou a temperatura do conflito.
▶️ Em seguida, o Parlamento iraniano aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz em retaliação ao ataque americano. A rota marítima é a mais importante do mundo para o transporte do petróleo e a possibilidade de bloqueio pode pressionar os preços para cima e causar inflação no mundo.
▶️ Já nesta segunda, o Irã respondeu com ataques de mísseis balísticos contra a base aérea americana de Al-Udeid, no Catar, um dos principais centros militares dos EUA no Oriente Médio. Mas a interpretação do mercado é de que a resposta foi comedida e pode não evoluir.
▶️ O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou os efeitos da resposta iraniana e disse que "com sorte, não haverá mais ódio".
"Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez agora o Irã possa seguir rumo à paz e harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", disse Trump.
▶️ Os agentes financeiros também se preocupam com o fim do prazo de suspensão do tarifaço imposto por Trump, que afetou mais de 180 países. Washington ainda busca concluir acordos com seus principais parceiros.
▶️ No Brasil, a agenda do dia estava vazia e todos aguardam aata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na terça-feira (24). O mercado deve buscar por mais pistas sobre o futuro da taxa básica de juros, que chegou aos 15% ao ano, maior patamar em quase 20 anos.
No comunicado, divulgado após a decisão da semana passada, o Copom declarou que pretende interromper a elevação da Selic para observar seus impactos na economia, e que os juros devem seguir elevados por um período "bastante prolongado".
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,40%;
Acumulado do mês: -3,77%;
Acumulado do ano: -10,96%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,41%;
Acumulado do mês: -0,35%
Acumulado do ano: +13,52%.
Entrada dos EUA no conflito entre Israel e Irã
As tensões entre Israel e Irã se intensificaram no último fim de semana com a entrada dos EUA no conflito. No sábado, Trump anunciou ataques a três instalações nucleares no Irã. A participação dos americanos ocorre após uma semana de intensos combates aéreos entre os dois países.
Os confrontos entre Israel e Irã começaram em 13 de junho. Militares israelenses lançaram uma operação para destruir alvos nucleares iranianos, e Teerã retaliou com mísseis contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
Os bombardeios já causaram mais de 240 mortes e milhares de feridos, segundo dados oficiais. Instituições independentes, no entanto, estimam que o número real pode ser ainda maior.
Nesta segunda-feira (23), Israel anunciou ataques com “forças sem precedentes” contra o Irã. Entre os alvos estão uma prisão conhecida por abrigar presos políticos, a instalação nuclear fortificada de Fordow e um quartel da Guarda Revolucionária em Teerã.
Horas depois, o Irã retaliou lançando mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar — a maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio, com mais de 10 mil soldados.
Explosões foram registradas em Doha, e países vizinhos fecharam temporariamente seu espaço aéreo. Bases americanas no Iraque, Bahrein, Kuwait e Síria entraram em estado de alerta. O Irã informou previamente autoridades dos EUA e do Catar sobre o ataque.
Trump confirmou o aviso prévio e agradeceu a Teerã pela comunicação, que, segundo ele, evitou vítimas. O presidente também expressou esperança de que não haja novos atos de hostilidade.
"Fico feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado", publicou na Truth Social. "Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo", escreveu.
Preços do petróleo
A escalada do conflito havia pressionado os preços do petróleo e os mercados globais. No entanto, a resposta controlada de Teerã trouxe alívio aos mercados e provocou queda nos preços da commodity.
Na avaliação de analistas, o ataque do Irã e a ausência de ações para interromper o tráfego de petroleiros no Estreito de Ormuz mostram que a commodity não será o alvo principal iraniano. Além disso, há expectativa de que o conflito não escale.
Um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente — poderia provocar uma disparada nos preços.
No domingo, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento da rota marítima como retaliação aos ataques dos EUA. No entanto, a medida ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei, o que ainda não ocorreu.
Nesta segunda-feira (23), Trump reiterou seu desejo de manter os preços do petróleo baixos, diante dos temores de que os ataques dos EUA ao Irã provoquem alta nos custos da commodity.
"Pessoal, mantenham os preços do petróleo baixos, estou de olho! Vocês estão fazendo o jogo do inimigo, não façam isso", escreveu Trump em letras maiúsculas em sua plataforma Truth Social.
Juros e indicadores
Por fim, o mercado segue atento à agenda econômica da semana, com destaque para a ata da última reunião do Copom, prevista para terça-feira (24). A expectativa é que o documento traga novos sinais sobre os próximos passos da taxa básica de juros.
Na quarta-feira (18), o comitê elevou a Selic para 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Em julho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa estava em 15,25% ao ano.
🔎 Juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
A ata será fundamental para revelar a percepção do BC sobre temas relevantes para a política monetária. Além dos efeitos do petróleo sobre a inflação, há incertezas quanto aos impactos da guerra tarifária de Trump nos preços e no câmbio.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Nos Estados Unidos, as vendas de moradias usadas cresceram em maio, com alta de 0,8%, alcançando uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,03 milhões de unidades. Apesar disso, a tendência segue fraca devido às elevadas taxas de hipoteca.
Já a atividade empresarial norte-americana desacelerou em junho, mas os preços continuaram subindo, impulsionados pelas tarifas de Trump sobre produtos importados — o que sugere uma possível aceleração da inflação no segundo semestre.
Segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da S&P Global, os preços pagos pelas fábricas por insumos e cobrados pelos produtos finais atingiram o maior nível desde 2022.
Ao longo da semana, o mercado aguarda novos dados sobre atividade econômica, inflação e emprego, tanto no Brasil quanto nos EUA.
Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters