Dólar fecha em R$ 5,62 e tem menor valor em seis meses, após ‘tarifaço’ de Trump; Ibovespa cai
A moeda norte-americana recuou 1,23%, cotada a R$ 5,6285. Destoando do mundo, Ibovespa teve uma leve queda de 0,04%, aos 131.141 pontos. Notas de dólar Murad Sezer/ Reuters O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (3), a R$ 5,62, atingindo se...
03/04/2025 | Economia


A moeda norte-americana recuou 1,23%, cotada a R$ 5,6285. Destoando do mundo, Ibovespa teve uma leve queda de 0,04%, aos 131.141 pontos. Notas de dólar
Murad Sezer/ Reuters
O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (3), a R$ 5,62, atingindo seu menor valor no ano. Também foi o menor patamar desde 14 de outubro, quando fechou a R$ 5,5821.
Os investidores passaram o dia focados nas novas tarifas de importação anunciadas ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As tarifas recíprocas foram apresentadas como uma resposta aos países que taxam produtos americanos.
A desvalorização do dólar em relação ao real acompanhou o enfraquecimento da moeda americana em nível global. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação às principais moedas do mundo, caiu mais de 1,5%.
As principais bolsas de valores do mundo também reagiram aos anúncios e registraram fortes quedas. Tarifas maiores devem encarecer produtos que chegam aos EUA, subindo o preço de insumos para a produção de bens e serviços no país. É um cenário que reduz o lucro das empresas e piora a inflação.
O Ibovespa contrariou o mercado global durante boa parte do pregão, mas encerrou em leve queda, de apenas 0,04%. As taxas anunciadas de 10% para o Brasil foram as menores do tarifaço. Além disso, as tarifas podem abrir portas para exportadores brasileiros, que podem ganhar espaço com novos parceiros comerciais.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Por que o dólar caiu e a bolsa brasileira se segurou após o ‘tarifaço’ de Trump
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
O dólar fechou em queda de 1,23%, cotado a R$ 5,6285. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,5930. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 2,28% na semana;
recuo de 1,35% no mês; e
perda de 8,92% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,27%, cotada a R$ 5,6986.
a
📈Ibovespa
O Ibovespa fechou em queda de 0,04%, aos 131.141 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
queda de 0,58% na semana;
avanço de 0,67% no mês; e
ganho de 9,03% no ano.
Na véspera, o índice teve alta de 0,03%, aos 131.190 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
A imposição de tarifas de importação era uma das principais promessas de campanha de Donald Trump.
Desde que assumiu, ele já decretou tarifas sobre grandes parceiros comerciais, como México e Canadá, e impôs taxas sobre produtos específicos, como aço, alumínio, automóveis e produtos agrícolas.
Na quarta-feira (2), Trump finalmente detalhou como funcionarão as tarifas recíprocas. As regiões mais afetadas foram a Ásia e o Oriente Médio, com taxas que ultrapassam 40% em alguns casos. A Europa também foi bastante impactada com tarifas de 20% anunciadas contra a UE.
Especialistas acreditam que esse aumento de preços deve pressionar os custos e reduzir o consumo nos EUA, o que pode provocar uma desaceleração ou até uma recessão na maior economia do mundo.
Com as tarifas recíprocas, aplicadas a mais de 180 países, o grande temor do mercado é de que o "tarifaço" inicie uma guerra comercial generalizada. O cenário de incerteza faz com que os investidores se afastem dos ativos de risco, como os mercados de ações, o que prejudica as bolsas de valores em todo o mundo.
O dólar foi um dos ativos mais afetados. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação às principais moedas do mundo, está em forte queda. O índice caiu cerca de 1,50%, atingindo a menor cotação desde setembro.
As principais bolsas de valores do mundo registram fortes quedas.
Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, com destaque para recuo de quase 3% no Japão.
A Europa teve o mesmo desfecho, com quedas na casa dos 3%.
Nos EUA, a situação foi ainda pior: o índice Dow Jones caiu 3,98%, o S&P 500, 4,85%, e o Nasdaq recuou 5,99%.
Na contramão do mercado global, o Ibovespa sustentou os 131 mil pontos. A avaliação de analistas é de que as taxas anunciadas para o Brasil, de 10%, foram as menores do tarifaço. (saiba mais aqui)
Trump chamou o anúncio das tarifas recíprocas como "Dia da Libertação". O objetivo do presidente é que essas taxas "libertem" os EUA de produtos estrangeiros. A forma para que os outros países evitem as taxas, segundo Trump, é transferindo suas fábricas para os EUA.
Mas as reações foram por outro caminho:
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as tarifas constituem um "duro golpe à economia mundial". Também declarou que o bloco está "preparado para responder".
Na Alemanha, o chefe de Governo, Olaf Scholz, considerou que as decisões de Trump são "fundamentalmente erradas" e "constituem um ataque contra uma ordem comercial que criou prosperidade em todo o mundo".
Na França, o presidente Emmanuel Macron pediu que as empresas europeias suspendam os investimentos planejados nos EUA.
No Reino Unido, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse a empresários do país que as medidas terão "um impacto econômico, tanto a nível nacional como mundial".
O ministro japonês do Comércio do Japão, Yoji Muto, disse que "Transmiti que as medidas tarifárias unilaterais adotadas pelos Estados Unidos são extremamente lamentáveis e pedi, novamente, (a Washington) para não aplicá-las ao Japão".
Na China, o Ministério do Comércio pediu a Washington que "cancele imediatamente" as novas medidas, que, afirma, "colocam em perigo o desenvolvimento econômico mundial". Também anunciou que adotará "contramedidas para preservar seus direitos e interesses".
No Brasil, o Senado aprovou na terça-feira um projeto que cria mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros (entenda mais).
🔎 Tarifas maiores tornam os produtos mais caros, e encarecem também os bens e serviços que dependem desses insumos importados. Isso tende a aumentar a inflação e impactar o consumo.
Por isso, há uma percepção de que os EUA podem passar por um período de desaceleração da atividade econômica, ou até uma recessão da economia — o que tem potencial de afetar o mundo todo.