Opinião de Galípolo e indicados de Lula teve ‘peso cada vez maior’ nas altas recentes dos juros, diz Campos Neto

Presidente atual do BC deu entrevista nesta quinta, dias antes de deixar o cargo; Galípolo assume posto em janeiro. Campos Neto e Galípolo consideraram que não existe um ataque especulativo contra o real O presidente do Banco Central, Roberto C...

19/12/2024 | Economia

 

Presidente atual do BC deu entrevista nesta quinta, dias antes de deixar o cargo; Galípolo assume posto em janeiro. Campos Neto e Galípolo consideraram que não existe um ataque especulativo contra o real
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (19) a opinião dos diretores mais recentes da instituição – incluindo seu sucessor, Gabriel Galípolo, futuro presidente da instituição a partir de janeiro de 2025 – teve "peso cada vez maior" nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
As reuniões foram marcadas por uma intensificação no ritmo de alta da taxa básica de juros – um movimento que contraria as intenções do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que patrocina a indicação de Gabriel Galípolo ao posto.
A trajetória de alta dos juros foi, inclusive, motivo de críticas reiteradas de Lula a Campos Neto, a quem chegou a chamar de "adversário". O atual presidente do BC foi indicado no governo Jair Bolsonaro e tem mandato fixo até 31 de dezembro.
Campos Neto disse nesta quinta que, na transição de mandato, tentou "atuar de forma a dar cada vez mais peso, um peso maior, para a opinião dos sucessores na diretoria".
"Essa foi a tônica das últimas duas reuniões, com peso maior obviamente na última reunião. O que eu quero dizer é que o peso deles [indicados por Lula] foi cada vez sendo maior que o meu, até culminar na última reunião. Nós entendíamos que isso facilitava a passagem do bastão. Tenho certeza que o BC esta bem preparado", disse.
Depois da indicação de Galípolo à Presidência do Banco Central, e sua votação para subir a taxa de juros nas últimas reuniões do Copom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez críticas.
Entretanto, a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffman, avaliou que as decisões do Copom, e indicações de novas altas no futuro, por conta da "desancoragem" das expectativas de inflação em relação às metas, seriam um "tapa na cara da população e dos setores produtivos da economia".
Segundo ela, o país não pode conviver por mais tempo com os maiores juros reais do planeta.
Campos Neto
Reprodução/GloboNews
"Quem não tem credibilidade nenhuma são as tais expectativas dos agentes consultados pelo BC, que erraram todas as suas previsões catastrofistas sem perder a arrogância jamais. Definitivamente, o Brasil precisa de uma nova política monetária, com novos instrumentos de avaliação do cenário econômico, mais realistas e eficazes, que não se curvem às chantagens e ao oportunismo financista", declarou, por meio de rede social.