Trump volta atrás e cancela tarifa extra de 25% sobre aço e alumínio do Canadá

Decisão vem após a província canadense de Ontário suspender a imposição de taxas sobre a eletricidade exportada para os EUA, em meio a retaliação de Trump. Agora, aço e alumínio do Canadá deverão ser tarifados em 25%, assim como os outros paíse...

11/03/2025 | Economia

 

Decisão vem após a província canadense de Ontário suspender a imposição de taxas sobre a eletricidade exportada para os EUA, em meio a retaliação de Trump. Agora, aço e alumínio do Canadá deverão ser tarifados em 25%, assim como os outros países, a partir desta quarta-feira (12). Donald Trump chegando à Casa Branca no dia 9 de março de 2025
REUTERS/Annabelle Gordon
Após ter anunciado que iria dobrar a tarifa planejada sobre todos os produtos de aço e alumínio importados do Canadá, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou trás. A mudança ocorreu ainda nesta terça-feira (11), horas depois de sua decisão.
Mais cedo, Trump anunciou que elevaria para 50% a taxa total cobrada sobre o aço e o alumínio canadenses, em resposta à decisão da província de Ontário de impor uma tarifa de 25% sobre a eletricidade exportada para os EUA.
Agora, com o novo anúncio da Casa Branca, volta a valer a medida já planejada: a de taxar em 25% esses insumos importados de qualquer país, incluindo o Canadá. As tarifas, especificamente sobre aço e alumínio, entram em vigor nesta quarta-feira (12).
A suspensão da cobrança extra foi anunciada por Kush Desai, porta-voz da Casa Branca. Ele afirmou no início desta noite que Trump “usou a força da economia americana” depois que o premiê de Ontário, Doug Ford, suspendeu uma sobretaxa sobre as exportações de eletricidade da província para Michigan, Minnesota e Nova York.
Recuos de Trump sobre taxação indicam que tarifas são decisões políticas e não econômicas
As tarifas sobre aço e alumínio
Trump assinou o decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país há um mês, em 10 de fevereiro. As tarifas começam a valer já nesta quarta (12).
A medida, que pode atingir em cheio o setor de siderurgia de países como México, Canadá e Brasil, faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: a taxação de produtos estrangeiros para priorizar a indústria norte-americana.
"Nossa nação precisa que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas", disse Trump à época do anúncio.
Hoje, cerca de 25% do aço usado nos EUA é importado, segundo o Departamento do Comércio, sendo a maior parte proveniente do Canadá. Além disso, metade do alumínio utilizado na maior economia do mundo também é importado sobretudo do seu país vizinho.
A decisão de sobretaxar o aço e o alumínio canadenses em mais 25% — totalizando uma tarifa de 50% — porém, representava uma resposta política a novas taxas aplicadas pelo Canadá para a exportação de energia para estados americanos.
A província canadense de Ontário exporta energia para os estados americanos de Minnesota, Michigan e Nova York e decidiu aumentar em 25% os preços cobrados para a exportação.
A medida havia sido anunciada pelo primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, que afirmou que "não queria fazer isso" e que "sentia muito pelo povo americano", culpando o presidente Trump pela decisão. Após Trump anunciar a retaliação, no entanto, Ford voltou atrás e suspendeu as cobranças.
Esse é mais um capítulo na novela do tarifaço de Trump que desperta temores de uma guerra comercial com outros países.
Além das tarifas sobre produtos específicos, como o aço e alumínio, produtos agrícolas e veículos, Trump também anunciou a adoção de tarifas recíprocas contra todos os países e impôs taxas a mais para Canadá, México e China.
As tarifas de 25% sobre tudo que vem do Canadá e do México e de 10% a mais sobre tudo que vem da China foram anunciadas em 1° de fevereiro.
Após algumas negociações com os países, Trump adiou as cobranças sobre as importações canadenses e mexicanas por 30 dias, até 4 de março. O adiamento foi acordado com a condição de que os Canadá e México intensificassem as ações de segurança para impedir a entrada de fentanil e de imigrantes ilegais nos EUA.
Quando as tarifas entraram em vigor novamente, porém, o Canadá e o México ameaçaram retaliar os EUA e Trump recuou mais uma vez, dando um novo prazo de um mês para que os países continuassem suas ações nas fronteiras. Em troca, alguns dos produtos exportados para os EUA seriam isentos das taxas no período.
ENTENDA OD DETALHES: Canadá, China e México anunciam novas taxas a produtos dos EUA, em resposta a 'tarifaço' de Trump
Mesmo com a isenção, a província de Ontário reagiu e impôs a taxa de 25% sobre as exportações de energia para os EUA, e Trump retaliou com as novas tarifas extras sobre importações de aço e alumínio. Ambos voltaram atrás.
Veja a declaração completa de Trump ao anunciar, inicialmente, a taxação extra:
"Com base no fato de que Ontário, no Canadá, está aplicando uma tarifa de 25% sobre a "eletricidade" exportada para os Estados Unidos, instruí meu Secretário de Comércio a adicionar uma tarifa adicional de 25%, totalizando 50%, sobre todo o aço e alumínio que entra nos Estados Unidos vindos do Canadá, um dos países que mais impõem tarifas no mundo. Isso entrará em vigor amanhã de manhã, 12 de março.
Além disso, o Canadá deve imediatamente remover sua tarifa antiagricultores americanos, que varia de 250% a 390% sobre diversos produtos lácteos dos EUA, algo que há muito tempo é considerado ultrajante.
Em breve, declararei uma emergência nacional em relação à eletricidade na área ameaçada. Isso permitirá que os EUA tomem rapidamente as medidas necessárias para aliviar essa ameaça abusiva do Canadá.
Se outras tarifas abusivas e antigas também não forem eliminadas pelo Canadá, aumentarei substancialmente, em 2 de abril, as tarifas sobre os carros que entram nos EUA, o que, essencialmente, acabará permanentemente com a indústria automobilística no Canadá. Esses carros podem ser facilmente fabricados nos EUA!
Além disso, o Canadá contribui muito pouco para a sua própria segurança nacional, confiando nos Estados Unidos para proteção militar. Estamos subsidiando o Canadá em mais de 200 bilhões de dólares por ano. Por quê? Isso não pode continuar.
A única solução lógica é que o Canadá se torne nosso querido 51º Estado. Isso eliminaria todas as tarifas e qualquer outra barreira econômica. Os impostos dos canadenses seriam reduzidos substancialmente, eles seriam mais seguros, tanto militarmente quanto em outros aspectos, nunca houve uma ameaça maior à segurança da fronteira norte, e a maior e mais poderosa nação do mundo será maior, melhor e mais forte do que nunca — e o Canadá fará parte disso.
A linha artificial de separação traçada há muitos anos finalmente desaparecerá, e teremos a nação mais segura e bela do mundo. E o brilhante hino canadense, "O Canada", continuará a ser tocado, mas agora representando um grande e poderoso estado dentro da maior nação que o mundo já viu!"
*Com informações da agência de notícias Reuters