Von der Leyen se diz satisfeita com recuo de Trump: ‘Passo importante para estabilizar economia global’

União Europeia também decidiu pausar por 90 dias as primeiras retaliações que havia anunciado contra os EUA. Ursula Von der Leyen em 20 de março de 2025 Reuters/Yves Herman/File Photo A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dis...

10/04/2025 | Economia

 

União Europeia também decidiu pausar por 90 dias as primeiras retaliações que havia anunciado contra os EUA. Ursula Von der Leyen em 20 de março de 2025
Reuters/Yves Herman/File Photo
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse "receber com satisfação" a decisão de Donald Trump de pausar as tarifas recíprocas por 90 dias e reduzir para 10% as taxas de importação contra países, exceto a China.
A declaração de Von der Leyen foi feita na rede social X, na manhã desta quinta-feira (10), pelo horário local - madrugada, pelo horário de Brasília.
"É um passo importante para estabilizar a economia global", disse na publicação.
Horas depois, Von der Leyen confirmou que a União Europeia decidiu pausar a retaliação que havia planejado contra os EUA.
"Tomamos nota do anúncio do Presidente Trump. Queremos dar uma chance às negociações. Enquanto finalizamos a adoção das contramedidas da UE, que contaram com forte apoio dos nossos Estados-membros, vamos suspendê-las por 90 dias", escreveu.
Na quarta (9), os países do bloco aprovaram o primeiro pacote de medidas contra o país norte-americano, incluindo uma tarifa de 25% a ser cobrada sobre US$ 21 bilhões em produtos, em etapas, a partir de 15 de abril, como resposta às taxas impostas pelos EUA sobre o aço e alumínio.
No entanto, a presidente destacou que "se as negociações não forem satisfatórias, as contramedidas serão aplicadas".
Von der Leyen disse, também, que "todas as opções permanecem na mesa" e que o "trabalho preparatório para outras contramedidas continua". O bloco ainda quer retaliar as taxas aplicadas pelos EUA sobre outros produtos, como veículos.
Mais cedo, ela já havia dito que "as tarifas são impostos que apenas prejudicam empresas e consumidores. É por isso que tenho defendido consistentemente um acordo de tarifa zero para ambos os lados entre a União Europeia e os Estados Unidos".
A líder também voltou a afirmar a importância da união dos países que compõe a União Europeia. E disse que o bloco está "intensificando esforços" para eliminar barreiras do mercado único.
"Esta crise deixou uma coisa clara: em tempos de incerteza, o mercado único é nosso pilar de estabilidade e resiliência", disse.
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Nesta quarta (9), o presidente dos Estados Unidos anunciou seu recuo na imposição de tarifas para todos os países, exceto a China.
Segundo Trump, as taxas contra os chineses aumentarão para 125%, devido às retaliações anunciadas por Pequim nesta semana.
"Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato", escreveu Trump na Truth Social. (veja a íntegra no fim da reportagem)
Trump em evento do Comitê Nacional Republicano para o Congresso
Reuters
A medida é mais um episódio da nova disputa comercial entre EUA e China, iniciada pelo tarifaço de Trump. No último dia 2 de abril, o norte-americano anunciou taxas de importação sobre 180 países de todo o mundo. De lá para cá, ouve retaliações de parte a parte, subindo tarifas de importação.
Os EUA haviam imposto uma taxa de 104% aos produtos chineses, que entraria em vigor nesta quarta. Em resposta, o Ministério das Finanças da China anunciou que subiria tarifas para 84% sobre os produtos americanos. (saiba mais abaixo)
"Em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis".
Na mesma publicação, o líder norte-americano anunciou que irá reduzir para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. Ele se referiu à decisão como uma "pausa" no tarifaço, que há uma semana resultou na escalada da guerra comercial global.
"Autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. Obrigado pela sua atenção a este assunto!"
Veja a íntegra do post de Donald Trump
"Com base na falta de respeito que a China tem demonstrado aos mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada à China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. Em algum momento, espero que em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de explorar os EUA e outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis. Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e o USTR, para negociar uma solução para os assuntos discutidos relativos ao Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação de Moeda e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de nenhuma forma contra os Estados Unidos, conforme minha forte sugestão, eu autorizei uma PAUSA de 90 dias, e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%, também com efeito imediato. Obrigado pela atenção a este assunto!"
Trump anuncia pausa das tarifas recíprocas por 90 dias
A guerra tarifária entre os gigantes mundiais
A nova decisão de Trump vem na esteira das reações chinesas às tarifas impostas pelos EUA. Nesta quarta, os asiáticos anunciaram taxas de 84% sobre os produtos importados dos norte-americanos, com previsão de que a medida passe a valer nesta quinta (10).
O contra-ataque chinês veio em resposta à taxa de 104% aplicada pelos EUA — medida que entrou em vigor já nesta quarta. Esse é mais um capítulo da escalada da guerra comercial entre as duas potências mundiais, que se intensificou na última semana.
Entenda, ponto a ponto, o embate:
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela de tarifas cobradas de mais de 180 países e regiões, com taxas vão de 10% a 50%.
As taxas menores passaram a valer já no último sábado (5). As maiores, que visam atingir países com os quais os EUA têm déficit comercial, seriam cobradas a partir de hoje.
A China foi um dos países atingidos — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa alíquota se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram, então, aumentar a aposta. Trump deu um prazo até as 13h (horário de Brasília) desta terça-feira (8) para o país asiático retirar as tarifas, ou seria ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para "revidar até o fim".