‘Só me falta morrer agora’; relembre reflexões de Sebastião Salgado ao fazer 50 anos de carreira
Fotógrafo morreu nesta sexta-feira (23) aos 81 anos, deixando um legado de 50 anos de carreira em imagens que atravessaram fronteiras. Sebastião Salgado morre aos 81 anos O fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos...
23/05/2025 | Entretenimento


Fotógrafo morreu nesta sexta-feira (23) aos 81 anos, deixando um legado de 50 anos de carreira em imagens que atravessaram fronteiras. Sebastião Salgado morre aos 81 anos
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, deixando um legado de 50 anos de carreira em imagens que atravessaram fronteiras, denunciaram injustiças e celebraram a resistência humana.
Em 2024, o fotógrafo analisou meio século de trabalho em entrevista à AFP.
"Só me falta morrer agora. Tenho 50 anos de carreira e completei 80 anos. Estou mais perto da morte do que de outra coisa. Uma pessoa vive no máximo 90 anos. Então, não estou longe, mas continuo fotografando, continuo trabalhando, continuo fazendo as coisas da mesma forma", disse Salgado.
"Não tenho nenhuma preocupação nem nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e nada mais", continuou o fotógrafo.
Sebastião Salgado posa para foto na Somerset House, em Londres, durante entrevista sobre prêmio em reconhecimento a sua carreira dado pela Organização Mundial de Fotografia
Benjamin Cremel/AFP
Na época, Salgado apresentava uma retrospectiva na Somerset House de Londres, com uma seleção entre as milhares de fotografias de sua carreira.
"É uma seleção. Você nunca fica satisfeito, porque são cerca de 50 fotografias e tão poucas não podem representar 50 anos de carreira. Cada uma representa um momento da minha vida que foi muito importante para mim", disse.
Sebastião Salgado posa para foto na Somerset House, em Londres, durante entrevista sobre prêmio em reconhecimento a sua carreira dado pela Organização Mundial de Fotografia
Benjamin Cremel/AFP
Salgado dedicou-se, nos últimos anos de carreira, à proteção da natureza.
No ano passado, Salgado recebeu um prêmio pela Organização Mundial de Fotografia, com sede em Londres, em reconhecimento à sua carreira. Ao longo de 50 anos como fotógrafo, ele recebeu incontáveis prêmios, entre eles, o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes de 1998.
"Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Em uma exposição como esta, as pessoas me dizem que sou um artista e eu digo que não, sou um fotógrafo e é um grande privilégio ser um fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte", enfatizou.
Após estudar Economia, Salgado começou a fazer fotografias em 1973 e nunca mais deixou esse mundo.
Em 1998, ao lado da esposa Lélia, fundou o Instituto Terra, em sua luta pelo reflorestamento da Mata Atlântica e de outros biomas pelo mundo, como a Amazônia.
"Se conseguirmos conscientizar as pessoas de que, juntos, poderíamos fazer as coisas de outra maneira, poderíamos salvar a grande floresta da qual dependemos para a biodiversidade e também para esta grande reserva cultural, que são os povos indígenas que vivem na Amazônia", acrescentou.
Sebastião Salgado posa para foto na Somerset House, em Londres, durante entrevista sobre prêmio em reconhecimento a sua carreira dado pela Organização Mundial de Fotografia
Benjamin Cremel/AFP
Aquecimento global
O aquecimento global e a perda de água somaram-se ao desmatamento progressivo do planeta, segundo Salgado.
"O sul da França é um lugar onde sempre choveu e, nos últimos anos, uma grande quantidade de comunidades lá está sendo abastecida no verão por caminhões de água. Isso era algo que acontecia na África e agora está acontecendo na Europa. Estamos perdendo água", afirmou.
"Mas o pior com o aquecimento, com a perda de água, é a perda da biodiversidade. Estamos perdendo biodiversidade a uma velocidade terrível. Temos que fazer algo porque senão, daqui a alguns dias, vai ser complicado. As plantas não têm polinização porque não têm insetos. A Alemanha, nos últimos 40 anos, perdeu 70% de sua biodiversidade", disse Salgado.
"É preciso levar a informação. Não é que as pessoas sejam más, é que falta informação correta e conscientização", concluiu o fotógrafo.
Sebastião Salgado na Somerset House, em Londres, durante entrevista sobre prêmio em reconhecimento a sua carreira dado pela Organização Mundial de Fotografia
Benjamin Cremel/AFP